TRAGÉDIA Entre Junho e Julho pelos menos 721migrantes e refugiados perderam a vida ao tentar a travessia do Mediterrâneo.
O número de pessoas migrantes e refugiadas resgatadas em pleno Mar Mediterrâneo e recambiadas para centros situados na Líbia mais que duplicou nos últimos meses, passando de 4400 em Março para mais de dez mil em finais de Julho, entre as quais se contam mulheres e menores de idade, ao mesmo tempo que durante Junho e Julho pelo menos 721 migrantes e refugiados perderam a vida ao tentar a travessia do Mediterrâneo, aumentando igualmente o número de mortes no mar.
Recorde-se que a União Europeia decidiu na sua cimeira de 28 e 29 de Junho o aprofundamento da sua política relativa aos migrantes e aos refugiados, apontando medidas como o reforço do FRONTEX, a denominada “Guarda Costeira e de Fronteiras Europeia” – que coloca em causa elementos fundamentais da soberania dos Estados – ou das ditas “plataformas de desembarque” em países de trânsito e de origem no Sul do Mediterrâneo – isto é, a criação de campos de detenção de migrantes e refugiados em países terceiros, financiados pela União Europeia, que constituem uma violação de direitos, nomeadamente dos requerentes de asilo. Política da UE que – tendo uma natureza selectiva, exploradora e desumana e sendo suportada em medidas securitárias, militaristas e de criminalização dos migrantes e refugiados – fomenta a xenofobia e o racismo.
Na sua recente deslocação a Espanha, Angela Merkel acordou com o seu homólogo Pedro Sánchez o reforço dos meios financeiros da UE para o Reino de Marrocos – a exemplo do acordo da UE com a Turquia –, no sentido de reforçar o papel de “tampão” deste país relativamente aos migrantes e refugiados oriundos de África. Pedro Sánchez enfatizou nesse momento que os meios financeiros servirão para reforçar as capacidades securitárias de Marrocos (com a aquisição de barcos, helicópteros e sistemas de visão nocturna, certamente adquiridos a países da UE, como à França, à Alemanha ou à própria Espanha). Recorde-se que o Reino de Marrocos coloniza o Saara Ocidental, tendo construído neste território que ocupa ilegalmente uma linha de separação com milhares de quilómetros.
A Alemanha e a Espanha acordaram ainda que Madrid acolherá em 48 horas os refugiados que tenham feito o pedido de asilo em Espanha e que posteriormente se tenham deslocado para a Alemanha e que venham a ser devolvidos pelas autoridades de Berlim.
Em resultado das políticas de rapina de recursos e de guerra – que as potências da NATO e da UE têm dirigido contra países como o Afeganistão, o Iraque, a Libia ou a Síria –, o número de refugiados e deslocados no mundo alcançou o recorde de 65 milhões, na sua grande maioria presentes em países do Médio Oriente e de África. Alguns deles, vitimas de redes ilegais, conseguem alcançar por mar a Itália, a Grécia ou a Espanha.