Refere a Lusa que os produtores florestais do Barlavento Algarvio há meses esperam a aprovação por parte do ICNF do plano de prevenção e combate a incêndios que abrange a zona onde começaram as chamas de Monchique que previa a criação de pontos de água, aceiros e caminhos de acesso para combate ao fogo na serra (entre outras acções), por razões que o tempo se encarregará de esclarecer, mas que seguramente envolverão falta de meios humanos e financeiros.
Para lá da propaganda que envolveu as medidas tomadas para prevenir os fogos e melhorar o seu combate a verdade é que a realidade dos incêndios já ocorridos este ano (e, em particular, o de Monchique) confirma mais uma vez que o que faz falta não são medidas avulsas (e, muito menos, repressivas); o que faz falta são medidas de fundo como aquelas que o PCP tem defendido e proposto e, no essencial, PS, PSD e CDS têm vindo a recusar; o que faz falta é que o ciclo de política de direita – a grande causa desta calamidade e cujos responsáveis são os governos do PS, PSD e CDS – seja interrompido e se concretize uma política patriótica e de esquerda que devolva a vida ao mundo rural, apoie a agricultura, ordene a floresta, aproveite a propriedade comunitária dos baldios, garanta os meios necessários à protecção civil e previna e combata os incêndios.
E, no meio disto tudo, como perceber que o Governo tenha deixado escapar o controlo público do SIRESP? Como perceber que o mesmo Governo que tanto se desculpa com a falta de dinheiro para investir no desenvolvimento do País, tenha disponibilidade para, no âmbito de compromissos com a NATO, aumentar as despesas militares para 1,98% do PIB até 2024?…
Afinal, o que conta mais, é a defesa das populações, do aparelho produtivo e da produção nacional ou a participação numa organização de guerra e agressão ao serviço dos interesses do grande capital?
Não haja dúvidas que o problema não está na escassez de soluções. O problema é mesmo de uma outra natureza. Tem que ver, isso sim, com opções.