Ao contrário de quem assobia para o lado como se o assunto não lhe interessasse ou de quem fala mas não comenta, embora vá dizendo que não se muda de partido tal como não se muda de família, o comentador residente da SIC, Marques Mendes (MM), não se exime de perorar sobre a decisão de Santana Lopes (SL) de bater com a porta no PSD e de estar em vias de formar um novo partido.
Como sempre acontece quanto se trata do seu partido, no último domingo Marques Mendes esqueceu-se do papel de independente que lhe cabe interpretar e não poupou nas palavras para dizer que a decisão de SL não é boa nem para o PSD nem para o «menino guerreiro» nem para o CDS, porque a curto e médio prazo os antigos aliados perdem votos e o partido no choco do homem que anda por aí mas nunca deixou de andar por aqui suscita «mais curiosidade do que apoio popular».
No seu afã de demonstrar que SL está a incorrer num erro capital, MM foi mesmo ao ponto de antecipar o que será o novo partido: «muito anti-europeu, muito nacionalista, com uma grande dose de populismo», o que «vai obrigar o CDS a um discurso menos europeu, menos moderado e mais radical». Ou seja, com mais conversa da treta para «tentar capitalizar descontentamentos, internos e externos». Mais, tudo isto acontece porque o senhor Lopes sonha «fazer parte da futura coligação de centro-direita que há-de, um dia, chegar ao poder». E para que não restem dúvidas: «Em vez de ser uma coligação PSD/CDS, o que Santana quer é que seja PSD/CDS partido de Santana Lopes».
Ou seja, a decisão não é boa porque Lopes, ao querer poder, vai com sede ao pote da demagogia que a «família» tão ciosamente gere e assim prejudica os seus pares que há décadas brindam o País e os portugueses com essa coisa óptima que é a política de direita.