LIBERDADE A jovem palestiniana Ahed Tamimi, novo símbolo da resistência do seu povo contra a ocupação por Israel, encontra-se enfim livre, após quase oito meses de prisão. Promete continuar a luta.
A adolescente saiu em liberdade a 29 de Julho, depois de cumprir uma pena por esbofetear dois soldados israelitas, um episódio captado em vídeo e divulgado pelas televisões em todo o mundo.
Tamimi, de 17 anos, e a sua mãe, Nariman, foram conduzidas da prisão israelita de Sharon até um posto de controlo que conduz à Cisjordânia ocupada, onde vivem na aldeia de Nabi Saleh.
O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, recebeu Tamimi e a família em Ramallah, e afirmou que a jovem é um exemplo da luta dos palestinianos pela liberdade e independência.
Conta o correspondente da Prensa Latina no Cairo que as autoridades israelitas prenderam, na véspera da libertação da jovem, dois italianos e um palestiniano, precisamente por pintarem a imagem de Tamimi no muro que isola a Cisjordânia, em Belém.
A jovem e a mãe foram condenadas a oito meses de cadeia por um tribunal militar israelita, após um incidente que teve lugar no pátio da sua casa, em Nabi Saleh. O vídeo do confronto com militares ocupantes mostra Ahed Tamimi e o seu primo Nour a aproximarem-se dos soldados e a dizer-lhes que se fossem embora, antes de começarem a empurrá-los e a esbofeteá-los.
A escaramuça teve lugar no contexto de confrontos e protestos populares palestinianos contra o polémico reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos.
A detenção ocorreu às primeiras horas de 16 de Dezembro, quatro dias depois das bofetadas. Tamimi tinha então 16 anos. A mãe foi também detida, assim como Nour, entretanto libertado em Março.
Segundo a advogada da jovem, a israelita Gabi Lasky, Tamimi foi mudada de prisão várias vezes e, com frequência, «era impedida de mudar de roupa, para tentar quebrar-lhe a moral». Em vão: as primeiras palavras em público da jovem palestiniana, após 222 dias de cadeia, foram: «A resistência continua até ao final da ocupação».
Uma fonte do Ministério da Saúde da Palestina revelou que os protestos da Marcha do Retorno, iniciados a 30 de Março, na Faixa de Gaza, provocaram até finais de Julho 155 mortos e mais de 17 mil feridos.