Noticiar à medida dos interesses

O PSD e o CDS aper­ce­beram-se nas úl­timas se­manas que o País tem um pro­blema com o preço dos com­bus­tí­veis, um pro­blema que não foram ca­pazes de iden­ti­ficar nos anos em que es­ti­veram no go­verno. À boa ma­neira do opor­tu­nismo po­lí­tico, iden­ti­fi­caram a raiz de tudo o que vai mal no sector: o adi­ci­onal ao im­posto criado pelo Go­verno do PS em 2016 para com­pensar a des­cida do preço do pe­tróleo, com o com­pro­misso de que des­ceria quando o preço dos com­bus­tí­veis su­bisse.

O Go­verno não cum­priu e vá­rias ini­ci­a­tivas le­gis­la­tivas foram apre­sen­tadas: umas, como a do PCP, exi­gindo que o Go­verno cumpra o que disse que faria; outra, do CDS, que, por vi­olar a Cons­ti­tuição, só podia pro­duzir efeitos em Ja­neiro de 2019, como a pró­pria As­sunção Cristas acabou por re­co­nhecer. Foi o chumbo desta úl­tima pro­posta que levou a uma imensa cam­panha me­diá­tica em torno do preço dos com­bus­tí­veis, com o ataque es­pe­ci­al­mente vi­rado para o PCP, que, tal como tinha avi­sado, votou contra.

Vamos aos factos. No dia da vo­tação em co­missão, saíram no­tí­cias anun­ci­ando que o BE e o PCP ti­nham mu­dado o seu sen­tido de voto e chum­bado a pro­posta do CDS, ao con­trário do PSD, que teria vo­tado fa­vo­ra­vel­mente. Isto foi re­pro­du­zido am­pla­mente por quase toda a co­mu­ni­cação so­cial na­ci­onal, mas era men­tira: o CDS foi o único par­tido a votar a favor da pro­posta, já que o PSD se abs­teve. As ra­zões para o sen­tido de voto do PCP eram por de­mais co­nhe­cidas e foram mesmo con­fir­madas pelos ser­viços do Par­la­mento, que avi­saram que a pro­posta era in­cons­ti­tu­ci­onal. A abs­tenção na vo­tação na ge­ne­ra­li­dade teve mesmo como con­dição que da pro­posta se re­ti­rassem as vi­o­la­ções à Cons­ti­tuição, o que não acon­teceu.

Mas, a cam­panha de de­sin­for­mação pros­se­guiu. Não foram poucos os média que as­su­miram como seu o dis­curso do CDS e afir­maram que, por culpa do PS, do BE e do PCP, os com­bus­tí­veis afinal já não iam baixar. «Des­cida do preço dos com­bus­tí­veis chum­bada de­pois de mu­dança de voto à es­querda»: isto é um tí­tulo no­ti­cioso, não é uma frase de um qual­quer di­ri­gente do CDS. De­pois de go­vernos do PS, do PSD e do CDS terem li­be­ra­li­zado os preços e pri­va­ti­zado a Galp, uma even­tual des­cida no im­posto tra­duzir-se-ia au­to­ma­ti­ca­mente numa re­dução dos preços ou em mais uma su­bida nas mar­gens de lucro das pe­tro­lí­feras? O his­tó­rico desde a li­be­ra­li­zação pende sig­ni­fi­ca­ti­va­mente para a se­gunda hi­pó­tese. Ou seja, nova men­tira.

O que ne­nhum órgão de co­mu­ni­cação so­cial fez foi ques­ti­onar o CDS sobre os pro­cessos de li­be­ra­li­zação dos preços e pri­va­ti­zação do sector pú­blico pe­tro­lí­fero, pro­cessos que apoiou e que foram con­du­zidos por go­vernos que também in­te­grou. Nem tão pouco sobre a aber­ração que é a dupla tri­bu­tação do IVA nos com­bus­tí­veis, uma si­tu­ação única no País e que o an­te­rior se­cre­tário de Es­tado dos As­suntos Fis­cais, o ex-di­ri­gente do CDS Paulo Núncio, não fez nada para re­verter.

Tudo sobre um manto de si­lêncio sobre o pro­jecto de re­so­lução do PCP, aliás apro­vado mas por cum­prir, no sen­tido da fi­xação ad­mi­nis­tra­tiva do preços dos com­bus­tí­veis, com­ba­tendo a car­te­li­zação.




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