Estados Unidos vão colocar imigrantes em bases militares
REPULSA A política imigratória do presidente Donald Trump continua a causar indignação e repulsa. Soube-se agora que pretende enviar crianças imigrantes para acampamentos em bases militares.
Política de «tolerância zero» do presidente Trump persiste
O Pentágono prepara-se para construir acampamentos temporários destinados a imigrantes em duas bases militares, depois de receber uma solicitação do Departamento de Segurança Nacional estado-unidense.
A informação foi dada aos jornalistas pelo secretário de Estado da Defesa, James Mattis, na segunda-feira, 25, a bordo do avião que o transportava para uma visita à China, Japão e Coreia do Sul. O general não especificou quais serão as bases escolhidas, mas disse que os pormenores estão a ser resolvidos.
Jornais norte-americanos noticiaram que o Pentágono avaliava a possibilidade de albergar até 20 mil crianças imigrantes sem acompanhamento em quatro bases militares situadas nos estados do Texas e do Arkansas.
A política imigratória de «tolerância zero» do governo Trump implica que os adultos que cruzem ilegalmente a fronteira norte-americana enfrentem um processo penal. Mais de 2300 menores foram assim separados dos pais e enviados para instalações dos serviços sociais.
Pressionado pela indignação nacional e internacional que tal prática provocou, Trump assinou uma ordem executiva para pôr fim à divisão das famílias, mas não restabeleceu a reunificação imediata das já separadas. A «tolerância zero» mantém-se e a ordem presidencial estabelece que crianças e pais podem ser detidos juntos no mesmo local.
PCP condena violação
de direitos dos imigrantes
A retenção de imigrantes em campos de detenção nos EUA e, particularmente, a detenção de crianças separadas dos pais, «constitui um bárbaro acto que viola os mais elementares direitos humanos e é expressão concreta de uma política xenófoba e racista, que merece a mais viva condenação do PCP, demonstrada na sua coerente e determinada acção na defesa e afirmação dos valores da liberdade e da democracia».
Tendo adquirido maior visibilidade, dimensão e gravidade em resultado da chamada «política de tolerância zero» da actual administração norte-americana, a política de detenção de migrantes e de separação de famílias não é exclusiva da administração Trump, constituindo uma prática inscrita por administrações anteriores. São conhecidos campos e instalações prisionais onde milhares de imigrantes foram detidos, bem como inúmeras denúncias que confirmam o carácter sistémico de uma política de imigração dos EUA profundamente exploradora, discriminatória e desumana, desenhada de acordo com os interesses dos grandes grupos económicos norte-americanos.
O tratamento desumano imposto a milhares de imigrantes nos EUA está longe de ser a única expressão de uma política que viola sistematicamente os mais elementares direitos humanos neste país, como se comprova pelas profundas discriminações e atentados aos direitos das diferentes minorias nos EUA, com destaque para os afro-americanos, ou pela manutenção de campos de detenção fora do território dos EUA.
Denuncia o PCP, em nota do seu Gabinete de Imprensa, datada de 20 de Junho, que as práticas que agora causam justa comoção e revolta, nomeadamente no continente europeu, não são exclusivas da administração dos EUA. As políticas da União Europeia – que o eixo franco-alemão pretende agora aprofundar com o desenvolvimento do conceito de «UE fortaleza» – é igualmente desumana, selectiva e exploradora.
O PCP reafirma que os movimentos migratórios que marcam o início do século XXI são uma consequência directa da natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora do capitalismo. Os milhões de migrantes e refugiados que são incorrectamente «apontados» como uma ameaça ou um perigo, são das principais vítimas das políticas de exploração, de guerra e de rapina de recursos que as potências imperialistas levam a cabo em diversas partes do mundo.