Juntos com mais razões este sábado em Lisboa

JORNADA A proposta de lei para agravar o Código do Trabalho veio acrescentar motivos fortes para que muitos milhares de trabalhadores participem na manifestação nacional de 9 de Junho.

É agora o momento certo para uma elevada resposta de luta

O documento do Governo que deu entrada na Assembleia da República, no dia 4, segunda-feira, extravasou aquilo que ficou acordado com as confederações patronais e inclui propostas de alteração do Código do Trabalho que prejudicam ainda mais os trabalhadores. Ao chamar a atenção para este facto, numa conferência de imprensa que deu na terça-feira à tarde, a CGTP-IN salientou que tais alterações de última hora comprovam a justeza da convocação da manifestação do próximo sábado, em Lisboa, e demonstram que este é o momento certo para protestar e para exigir.
Convocada pela Intersindical sob a palavra de ordem «Pelos direitos, pela valorização dos trabalhadores», à manifestação ficaram ligadas as principais exigências que têm motivado lutas laborais nos últimos meses e que também marcaram o 1.º de Maio.
Foi dada prioridade ao aumento dos salários e à fixação de um salário mínimo nacional de 650 euros em Janeiro de 2019.
Nos inúmeros plenários e iniciativas de distribuição do manifesto realizados nestas semanas, tiveram destaque: o combate à desregulação dos horários e a exigência de 35 horas de trabalho semanal para todos; o reforço dos serviços públicos e a melhoria das condições de trabalho e de acesso da população; os 65 anos como idade legal de reforma e o fim de qualquer penalização, após 40 anos de descontos.
No topo dos objectivos da manifestação figuraram o combate efectivo a todas as formas de precariedade laboral e a revogação da caducidade da contratação colectiva e de outras normas gravosas da legislação do trabalho (nas empresas privadas e no sector público).
O Governo acabou por ir num sentido oposto e, como o PCP acusou, o acordo subscrito na Concertação Social a 30 de Maio «confirma as opções de classe do PS ao serviço do grande capital». Numa nota divulgada dia 31 pelo Gabinete de Imprensa, o Partido reafirmou as críticas feitas pelo Secretário-geral no domingo anterior, numa intervenção em Sousel (que tratámos com detalhe na edição da semana passada).
O PCP apelou à participação na manifestação nacional. Recordando que «a luta dos trabalhadores e a intervenção do PCP asseguraram a defesa, reposição e conquista de direitos», o Partido frisou que «é esse o caminho que é preciso prosseguir».
O apelo para 9 de Junho foi expresso também num folheto editado pelo PCP para os trabalhadores da Administração Pública, focando as suas situações específicas.

Fortíssima dinâmica

Na conferência de imprensa de dia 5, onde esteve acompanhado por João Torres e Américo Monteiro, membros da Comissão Executiva da CGTP-IN, Arménio Carlos informou que «estamos perante uma fortíssima dinâmica nos locais de trabalho, com um grande sentimento de indignação dos trabalhadores, de protesto e também de forte mobilização». A ilustrar esta afirmação, revelou que, para deslocação a Lisboa a partir dos diferentes distritos, estavam confirmados mais de cem autocarros, um número «com tendência para aumentar significativamente»; quatro comboios especiais virão do Porto e um número muito significativo de trabalhadores do distrito de Lisboa virá pelos seus meios próprios.
«Tudo indica que vamos ter uma grande manifestação, com dezenas de milhares de trabalhadores», afirmou.

 

=> Governo agrava exploração com propostas para o Código

 

 

 



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