ALERTA Os norte-coreanos alertam para o perigo de os Estados Unidos e aliados pretenderem arruinar o clima de diálogo criado na península coreana com a cimeira Norte-Sul e a Declaração de Panmunjom.
Lusa
A República Popular Democrática da Coreia (RPDC) avisou os EUA que a vontade de paz do seu líder, Kim Jong-un, não significa qualquer debilidade.
É um cálculo errado de Washington e dos seus aliados continuarem com pressões e ameaças contra a RPDC, alertou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, no domingo, 6, em Pyongyang. Acentuou que os EUA «enganam a opinião pública ao argumentarem que a desnuclearização da Península da Coreia referida na Declaração de Panmunjom de 27 de Abril é resultado de sanções e pressões».
Sem referir o nome do presidente norte-americano, a declaração critica Washington por afirmar publicamente que não aliviará as sanções até que a RPDC abandone por completo as armas nucleares. E condena as movimentações militares na Coreia do Sul, provocando tensões no momento em que «a situação na região avança para a paz e a reconciliação graças à histórica cimeira Norte-Sul e à Declaração de Panmunjom».
Em Washington, entretanto, foi anunciado que o presidente Donald Trump receberá na Casa Branca, a 22 de Maio, o seu homólogo da Coreia do Sul, Moon Jae-in. Os dois líderes abordarão a situação na região e a prevista cimeira entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, ainda sem data e local marcados.
CPPC pela paz
na península coreana
O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) acompanha com «satisfação e expectativa» os esforços de aproximação entre a República Popular Democrática da Coreia e a República da Coreia.
A «Declaração de Panmunjom para a paz, a prosperidade e a unificação da Península da Coreia», assinada por Kim Jong-Un e Moon Jae-in, afirma o início de uma «nova era de paz» e que «não haverá mais guerra na Península da Coreia», a qual é, desde há 70 anos, uma das regiões mais militarizadas do mundo. Entre as intenções apontadas pelos representantes máximos das duas partes da península coreana está a sua total desnuclearização.
Estes desenvolvimentos dão razão aos que, como o CPPC, «sempre defenderam que a única solução para o conflito da península coreana será a negociada, no respeito da soberania do povo coreano, ou seja, sem ingerências externas». Assim se comprova que «a salvaguarda da paz na Coreia necessita não de ameaças, sanções e medidas unilaterais contra uma das partes, mas de acções que promovam efectivamente o diálogo, a confiança mútua, o desanuviamento, a desmilitarização e a cooperação».
Valorizando estes passos promissores para o desanuviamento e a paz, o CPPC «espera que estes não sejam boicotados, nomeadamente pelos EUA, como, aliás, já aconteceu em similares iniciativas no passado». Recorde-se que, desde meados do século XX, os EUA instalaram poderosos meios militares na República da Coreia e mantêm bases militares e esquadras navais na região da Ásia/Pacífico, nomeadamente no Japão.
O desanuviamento e o desarmamento duradouros na Península da Coreia implicam que haja esforços de todas as partes para esse objectivo, «incluindo o respeito pela soberania da República Popular Democrática da Coreia, como sucedeu nestas conversações», considera o CPPC, reafirmando que «o povo coreano tem direito a decidir do seu destino sem ingerências externas».