Milhares em protesto fazem a «festa a Macron»
FRANÇA Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se, dia 5, em Paris, para assinalar em protesto o primeiro ano da legislatura do presidente Emmanuel Macron.
As políticas neoliberais de Macron suscitam repúdio em França
A iniciativa, promovida pela «França Insubmissa», o partido de Jean-Luc Mélenchon, foi fortemente vigiada por cerca de dois mil agentes, apesar de ter decorrido num ambiente pacífico, juntando famílias inteiras numa marcha entre a Praça da Ópera e a Praça da Bastilha.
Num momento em que a França é abalada por um forte movimento de greves e contestação social contra as políticas liberais do governo presidido por Macron, a manifestação expressou apoio às lutas em curso, nomeadamente dos ferroviários, em defesa do serviço público de caminhos-de-ferro, dos estudantes, pelo direito de acesso à universidade, e de vários outros sectores, bem como à jornada nacional convocada por uma frente sindical para o próximo dia 26.
Com ironia, Macron foi apresentado em cartazes como a reencarnação de Luís XVI, o rei de França deposto pela Revolução Francesa em 1789 e executado no ano seguinte, precisamente na Praça da Bastilha, onde terminou a manifestação.
Impopularidade crescente
Um ano depois de ter chegado à presidência de França, Emmanuel Macron tem uma imagem negativa para a maioria dos franceses que o acusam de ser o «presidente dos ricos».
Quase seis em cada dez inquiridos (57%) dizem-se insatisfeitos com a política de Macron, segundo uma sondagem BVA para a RTL divulgada dia 4.
Eleito a 7 de Maio do ano passado, com 64 por cento dos votos, Macron apresentou-se com um programa político que definia não ser «nem de esquerda nem de direita». Na realidade as medidas e reformas que o seu governo tem vindo a promover assentam na liberalização da economia, no ataque aos direitos dos trabalhadores e na redução dos serviços públicos.
O carácter de classe das suas políticas foi recentemente ilustrado com o anúncio, feito pelo presidente numa entrevista à revista Forbes, de eliminar já no próximo ano a chamada «exit tax», ou seja, um imposto criado em 2011 para dissuadir os ricos de transferirem o seu domicílio fiscal para países terceiros.
Agora, Macron considera que tal imposto constitui uma «mensagem negativa aos empresários e aos investidores».