1.º DE MAIO DE LUTA E CONFIANÇA

«Determinar avanços, lutar pela alternativa»

Centenas de milhares de trabalhadores, em dezenas de manifestações realizadas por todo o País, assinalaram o 1.º de Maio convocado e organizado pela CGTP-IN. Fizeram dele uma poderosa manifestação de força, determinação e confiança dos trabalhadores portugueses, onde confluiu uma forte torrente de lutas no âmbito da acção reivindicativa nas empresas, locais de trabalho e sectores e também a luta das populações pelos seus interesses e direitos.

Mas o 1.º de Maio, na sua indissociável ligação aos ideais e valores que a Revolução de Abril há 44 anos concretizou em Portugal e que este ano voltaram a estar presentes nas grandes comemorações no passado dia 25, foi ao mesmo tempo uma jornada de luta por novos avanços na defesa, reposição e conquista de direitos que, na actual fase da vida política, a luta dos trabalhadores e do povo e a intervenção do PCP tornaram possível. E foi também uma assumida jornada de luta pela ruptura com a política de direita e pela concretização de uma política alternativa que afirme e projecte os valores de Abril no futuro de Portugal.

Pela participação, combatividade e confiança que expressou, foi, acima de tudo, uma inequívoca afirmação da disponibilidade dos trabalhadores e do povo para dar continuidade, intensificar e alargar essa luta, que se desenvolverá no plano sectorial e de empresa e que voltará a convergir na manifestação nacional marcada pela CGTP-IN para o dia 9 de Junho em Lisboa, e que requer, desde já, a máxima atenção à mobilização em torno dos objectivos apontados.

Sem surpresa, a comunicação social dominante tratou as manifestações do 1.º de Maio de acordo com os seus critérios informativos, isto é, desvalorizando, silenciando e manipulando, num esforço continuado para condenar, combater e procurar travar a luta dos trabalhadores e do povo sem a qual não só não seriam possíveis novos avanços na melhoria das condições de vida do povo português como seria igualmente impossível uma real mudança de política.

A par da intensa luta que os trabalhadores continuam a travar e a que este 1.º de Maio deu visível expressão, o PCP desenvolve a sua intervenção em diversos planos.

É nesta acção dinâmica que se inserem as tomadas de posição, iniciativas e propostas apresentadas na Assembleia da República, nomeadamente, esta semana, em torno do problema da habitação em Portugal; a campanha «valorizar os trabalhadores. Mais força ao PCP»; o plano diversificado de comemorações da Revolução de Abril em que se inseriram as iniciativas esta semana em Loures e Odemira com a participação do Secretário-geral do PCP; as múltiplas acções de luta pela paz; a acção de reforço do Partido nas diversas direcções apontadas; a preparação da Festa do Avante! com a sua divulgação e a venda antecipada da EP; a realização na passada sexta-feira, 27, do seminário «Para onde vai a Europa?» questionando o rumo capitalista de construção da União Europeia das transnacionais e das grandes potências e lutando por uma Europa dos trabalhadores e dos povos; a realização no próximo sábado, 5 de Maio, em Penafiel, do comício do II centenário do nascimento de Karl Marx e, no domingo, dia 6, do encontro do PCP sobre micro, pequenas e médias empresas, que se realizará na cidade de Lisboa.

Merecem ainda destaque as posições assumidas pelo PCP sobre a corrupção no nosso País, cujas verdadeiras causas é preciso atacar e que, na visão do PCP, são indissociáveis do processo de privatizações, da submissão às imposições externas, da recuperação do poder monopolista e da sua relação com a crescente subordinação do poder político ao poder económico.

Sobre o veto e a devolução à Assembleia da República por parte do Presidente da República da chamada «Lei da UBER» - recentemente aprovada por PS, PSD e CDS -, constitui, no entender do PCP (que votou contra), «uma oportunidade para impedir a aprovação de legislação que, a ir por diante, abriria a porta à destruição de um sector de base nacional – o sector do táxi –, introduziria novos e mais gravosos mecanismos de exploração dos trabalhadores, retiraria ao País e às PME importantes receitas que passariam a ser canalizadas para o estrangeiro, colocaria o futuro do transporte individual de passageiros nas mãos de multinacionais».

Este foi um 1.º de Maio de confiança na luta que prossegue, a fazer lembrar os versos de Ary dos Santos: «O que é preciso é termos confiança / se fizermos de Maio a nossa lança / isto vai, meus amigos, isto vai».