VENEZUELA A corrida para a presidência venezuelana iniciou-se domingo, 22. Os bolivarianos propõem-se derrotar a guerra económica e a ingerência externa, condenadas, dia 19, em comunicado do PCP.
Nicolás Maduro, actual presidente da Venezuela e concorrente a um novo mandato, esteve segunda-feira, 23, nos estados de Bolívar e de Barinas, onde apelou à concentração de dez milhões de votos na sua candidatura, apoiada pelas forças bolivarianas que convergem na Frente Ampla pela Pátria (Partido Socialista Unido da Venezuela, Partido Comunista da Venezuela, Pátria Para Todos, Unidade Popular Venezuelana, entre outras formações políticas), para que «os sonhos de todos» possam triunfar sobre «as mentiras, a manipulação e a guerra económica».
O chefe de Estado e de governo falou ainda num «novo começo» e reiterou o compromisso para com as cinco grande prioridades que a sua candidatura propõe que sejam concretizadas até ao final do próximo mandato, em 2025. Entre elas estão a cobertura total da população pela escolaridade pública, a resolução dos problemas de abastecimento de géneros e serviços de primeira necessidade a todos os níveis, ou a entrega de mais três milhões de habitações a famílias que delas necessitam (recentemente a Venezuela alcançou a impressionante cifra de dois milhões de casas construídas destinadas a agregados carenciados).
Ao lado de Nicolás Maduro nos comícios, o ministro da Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, reforçou o repto para que o povo dê «uma lição ao grupo de direita que está no exterior» e que «a partir daí pretende implementar planos de desestabilização».
Jorge Rodríguez referiu-se, assim, a um aspecto que perdura no quotidiano do país: as ameaças, ingerência e sancionamento externo contra a Venezuela bolivariana e o seu povo, de resto alvos de condenação, sexta-feira, 19, em comunicado, por parte do PCP, o qual reproduzimos na íntegra (ver caixa).
Ingerência
A meio da semana passada, o titular da pasta do Interior, Justiça e Paz, Néstor Reverol, revelou ao canal estatal VTV que as autoridades desmantelaram uma célula que planeava atentar contra a Comissão Nacional de Eleições e a Guarda Nacional Bolivariana, bem como recrutar jovens que desencadeassem actos violentos semelhantes aos ocorridos aquando das eleições para a Assembleia Constituinte, em 2017.
Aliás, o principal operacional agora detido no âmbito de acções de segurança visando garantir a tranquilidade durante a campanha eleitoral, que decorre até dia 17 de Maio, e no dia da votação, 20, é suspeito de ter estado envolvido no vandalismo registado em meados do ano passado.
Também a semana passada, o Departamento de Estado norte-americano emitiu um relatório sobre direitos humanos que o governo venezuelano considerou tratar-se de uma peça de «manipulação» com «o único objectivo de promover a campanha de agressão e deslegitimação dos poderes públicos [venezuelanos]». Além do mais, aos EUA falta moral para criticar as outras nações, já que são «promotores de guerras genocidas» e de «conflitos por interesses económicos e geopolíticos, nos quais os civis sofrem a violação integral de todos os direitos humanos», acrescentou Caracas.
Simultaneamente, o governo da Venezuela foi obrigado a responder à acusação da Alta Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Frederica Mogherini, para quem as próximas eleições para a presidência e para os conselhos provinciais e municipais na Venezuela não são «um processo credível e inclusivo».
«Com este tipo de posições, a UE e os seus estados-membro demonstram a sua lamentável subordinação aos EUA», procedendo a iniciativas que «constituem uma agressão ao povo e ao Estado venezuelanos», assim como «às sua legítimas e soberanas instituições» com o propósito de «colocar em causa a transparência de eleições que todavia não aconteceram».
O executivo bolivariano reiterou, ainda, o convite para que Federica Mogherini compareça como observadora dos sufrágios.
Além de Nicolás Maduro, são candidatos à presidência da Venezuela Henri Falcón, apoiado pela Avançada Progressista, Movimento para o Socialismo e COPEI; Javier Bertucci, do Esperança pela Mudança; Reinaldo Quijada, pela UPP89 e Luis Ratti, único sem suporte organizacional.
Solidariedade com a Revolução Bolivariana e o povo venezuelano
«O Partido Comunista Português reafirma a solidariedade com os trabalhadores e o povo venezuelanos e a acção das forças bolivarianas em defesa da soberania e da paz, pelo desenvolvimento, a justiça e progresso sociais da Venezuela.
«Denunciando e condenando as manobras de ingerência e constantes ameaças de intervenção externa contra a República Bolivariana da Venezuela, o seu governo legítimo e constitucional e o seu povo, o PCP chama de igual modo a atenção para a intensificação da desestabilização e bloqueio económico e financeiro e para as ameaças explícitas de agressão militar por parte dos EUA e de outras potências imperialistas contra este país latino-americano.
«O PCP denuncia e condena igualmente as medidas arbitrárias e discriminatórias contra a Venezuela, em frontal violação dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, de que são exemplo a imposição de sanções por parte dos EUA e da UE ou a sua exclusão da Cimeira das Américas.
«Os ataques contra a Revolução bolivariana, a tentativa de colocar em causa as eleições presidenciais de 20 de Maio, a campanha permanente de manipulação mediática e desinformação, têm como objectivo fazer regredir os avanços e conquistas do processo democrático e popular na Venezuela.
«A ingerência e agressão contra a Venezuela e o seu povo enquadra-se na acção concertada, crescentemente antidemocrática e repressiva, dos EUA, do grande poder económico e das forças mais retrógradas deste subcontinente para travar as dinâmicas de afirmação soberana de sentido progressista e a articulação e cooperação multilaterais desenvolvidas na América Latina e Caraíbas – como a ALBA-TCP, UNASUR e CELAC –, e impor a perpetuação das políticas de rapina e exploração.
«No Dia de Acção Mundial de Solidariedade com a Venezuela e a luta do povo venezuelano, o PCP reitera a sua solidariedade à República Bolivariana da Venezuela, ao PCV, ao PSUV e demais forças patrióticas, progressistas e revolucionárias, na sua luta em defesa da independência e soberania nacionais e dos direitos do povo venezuelano, incluindo o direito a decidir livremente e em Paz o seu próprio destino.
«Exigindo o fim da ingerência, manobras e ameaças contra o povo venezuelano, o PCP apela à solidariedade em defesa da Venezuela Bolivariana, pelo progresso social, a paz e cooperação entre os povos».