PALESTINA Ascendem já a 35 os assassinados pelos militares israelitas durante os protestos na Faixa de Gaza. Um vídeo entretanto divulgado atesta o desprezo dos ocupantes pela vida de palestinianos.
No final da semana passada, milhares de palestinianos voltaram a concentrar-se junto à fronteira erguida por Israel na Faixa de Gaza e as forças sionistas continuaram a responder com brutalidade ao protesto inicialmente convocado com carácter pacífico. Segundo apurou o Crescente Vermelho na Palestina, um manifestante acabou por morrer e mais de 150, incluindo um voluntário daquela organização humanitária, ficaram feridos.
Desde 30 de Março, quando foi desencadeada a iniciativa palestiniana denominada «Grande Marcha do Retorno», que visa assinalar o direito daquele povo de regressar aos seus territórios históricos, 35 pessoas foram já assassinadas no enclave bloqueado por Israel desde 2007, e centenas e centenas de outras sofreram ferimentos de bala ou por inalação de gás lacrimogéneo, sobretudo.
Na quinta-feira, 12, o Egipto abriu por três dias a passagem de Rafah para evacuação dos casos mais graves, definidos como aqueles que não podem receber tratamento adequado na Faixa de Gaza. No entanto, a situação no território é de tal forma extrema que a medida resulta todavia insuficiente.
Entretanto, também a semana passada, uma organização de veteranos israelitas que se opõe à política sionista face aos palestinianos divulgou um vídeo em que se vê um militar a abater um palestiniano que circulava junto à fronteira, desarmado e sem intenção de ultrapassar o arame farpado.
As imagens reportam acontecimentos ocorridos no final do ano passado na Faixa de Gaza e, pelo regozijo e estímulo dos militares, incluindo do comandante do contingente, constitui um retrato do «ódio e desprezo pela vida de um palestiniano» e reflecte «a mentalidade cruel da ocupação militar de Israel», lamentou o secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erakt.
A organização israelita de defesa dos direitos humanos B'tselem realçou que «incidentes como o do vídeo sucedem-se com pleno apoio dos responsáveis políticos e militares», mas as altas esferas castrenses israelitas negam que tal seja uma prática instituída e asseguram que vão investigar.
O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, foi porém lapidar, ao afirmar em reacção à difusão do vídeo que «o franco-atirador devia receber uma medalha e quem filmou deveria ser despromovido».