PCP comemora o II centenário do nascimento de Karl Marx
INICIATIVAS Depois de em 2017 termos comemorado o centenário da Revolução Socialista de Outubro numa perspectiva evidenciadora do socialismo como exigência da actualidade e do futuro, em 2018 dois acontecimentos, com aquele intimamente ligados, serão também objecto de comemoração por parte dos comunistas assim como de todas as forças sociais progressistas: o II centenário do nascimento de Karl Marx e os 170 anos da publicação de O Manifesto do Partido Comunista, obra que com justiça ostenta na sua autoria os nomes de Marx e Engels.
A teoria revolucionária do marxismo inspirou e inspira, guiou e guia a luta da classe operária, dos trabalhadores e das massas populares pela sua emancipação
As comemorações do II Centenário do nascimento de Karl Marx que o Partido Comunista Português assinalará durante todo o ano de 2018 decorrerão sob o lema «II Centenário do Nascimento de Karl Marx – legado, intervenção, luta. Transformar o mundo» terão início a 24 e 25 de Fevereiro com a realização de uma Conferência em Lisboa.
O programa das comemorações integra ainda um vasto conjunto de outras iniciativas com destaque para: um Comício a 5 de Maio, dia do nascimento de Karl Marx, no Porto; uma sessão evocativa dos 170 anos do Manifesto do Partido Comunista; um número significativo de sessões sobre a vida e obra de Karl Marx; uma importante expressão na Festa do Avante! de 2018; um plano editorial com edições e reedições de obras promovendo a sua leitura, estudo e debate, em particular de «O Capital» e do «Manifesto do Partido Comunista»; desenvolvimento de iniciativas e acções dirigidas à juventude, nas escolas e universidades; tratamento específico no Avante!, O Militante e sítio do PCP na Internet.
Assim, em 24 e 25 de Fevereiro de 2018, na Voz do Operário, realizar-se-á a Conferência do PCP Comemorativa do II Centenário do Nascimento de Karl Marx tendo por objectivo a abordagem de temas da actualidade no campo da economia, da organização social, da política e da filosofia utilizando e enriquecendo o legado conceptual de Marx – sem esquecer os desenvolvimentos criativos quer de Engels e de Lénine, quer do movimento comunista internacional e em particular do PCP – com vista não apenas à apreensão teórica da sua dinâmica histórica, mas à abertura de perspectivas de uma intervenção transformadora da realidade do capitalismo com que nos confrontamos. Como disse Álvaro Cunhal, comemorar «é memoriar o passado distante e recente, mas não apenas memoriar o passado. Comemorar […] é uma forma de intervir e lutar no presente, e de perspectivar com confiança a luta futura».
Em estreita colaboração e integral comunhão de ideias com o seu amigo de todas as horas e situações, da vida particular às variadas trincheiras de luta, F. Engels, Marx elaborou uma nova concepção do mundo – o materialismo dialéctico e histórico – capaz não apenas de facultar uma interpretação cientificamente fundamentada do mundo existente, mas que, em ligação com a prática revolucionária da classe operária, constitui um instrumento teórico da sua transformação; desvendou a essência exploradora do modo capitalista de produção que assenta na apropriação de trabalho não pago – a mais-valia – e desmistificou as concepções apologéticas da economia política burguesa.
Guia para a luta
Uma concepção do mundo que fundamentou cientificamente a teoria revolucionária do movimento comunista, cabendo à classe operária, guiada pelo seu partido de classe, a missão histórica de congregar e de dirigir a luta de todas as forças sociais exploradas e oprimidas pela superação revolucionária do capitalismo e pela construção de uma sociedade liberta da exploração do homem pelo homem – a sociedade socialista primeiro e a sociedade comunista depois.
Uma concepção do mundo que delineou os princípios organizativos necessariamente enformadores da prática política da luta de classe do proletariado; traçou as orientações norteadoras da unidade de acção entre a classe operária e os seus aliados nas diversas lutas pela satisfação dos seus interesses imediatos tendo como perspectiva o alcançar dos seus objectivos estratégicos; definiu as bases em que assenta a política internacionalista do proletariado na qual se articulam dialecticamente a luta no plano nacional e a luta no plano internacional.
Uma concepção do mundo que demonstrou e a história comprovou que o empreendimento histórico de acesso ao «reino da liberdade» tem como premissa histórica o desenvolvimento das forças produtivas que o próprio capitalismo criou, mas que as relações capitalistas de produção sobre elas erguidas se tornaram caducas e retrógradas, geradoras de uma crise estrutural do sistema que o torna não só incapaz de corresponder às necessidades que afectam dramaticamente a existência e a própria sobrevivência dos povos mas menos ainda de dar satisfação às legítimas aspirações destes a superiores padrões de vida materialmente possíveis dados os avanços técnico-científicos alcançados pela humanidade, assistindo-se pelo contrário a uma polarização de enormes proporções entre uma minoria que cada vez mais tudo possui e uma maioria a quem cada vez mais tudo falta.
Por isso, desde a sua criação, a teoria revolucionária do marxismo – fruto da colaboração entre Marx e o seu amigo Engels e desenvolvida criativamente por Lénine na perspectivação e direcção do processo revolucionário na Rússia e na caracterização do capitalismo na sua fase imperialista (contributos que a expressão marxismo-leninismo justamente consagrou) – inspirou e inspira, guiou e guia a luta da classe operária, dos trabalhadores e das massas populares pela sua emancipação económica, social, política e cultura da exploração capitalista, e a luta dos povos pela sua soberania e independência e por um mundo de paz contra o imperialismo, com as suas ingerências cada vez mais descaradas, as suas agressões cada vez mais mortíferas e destruidoras, a sua opressão cada vez mais exploradora.
Imperativo do presente e do futuro
O PCP sempre considerou e comprovou na sua prática política que o socialismo que Marx nos legou não é uma doutrina ideal dogmática, mas um projecto que se inscreve enquanto possibilidade na própria dialéctica da realidade existente e que tem que ser elaborado teoricamente e configurado na prática em condições históricas determinadas e diferenciadas de país para país.
A Conferência, tal como as restantes iniciativas, procurará contribuir para, de forma fundamentada, mostrar que o caminhar para o socialismo é um imperativo do presente e do futuro da Humanidade.