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AUTÁRQUICAS Os re­sul­tados ob­tidos nas úl­timas elei­ções con­ti­nuam a con­firmar a CDU como a grande força de es­querda no Poder Local em Por­tugal, su­bli­nhou, nos dias 5 e 6 de Ou­tubro, o Se­cre­tário-geral do PCP.

Cá es­ta­remos para con­ti­nuar o com­bate e o tra­balho

A com­prová-lo está a pre­sença da Co­li­gação PCP-PEV em todo o ter­ri­tório na­ci­onal, man­tendo, no es­sen­cial, a sua ex­pressão elei­toral: mais de meio mi­lhão e votos e 10,05 por cento na vo­tação para as as­sem­bleias mu­ni­ci­pais (AM).

Para além da con­fir­mação da sua força em im­por­tantes con­ce­lhos do País, a CDU as­sume a pre­si­dência de 24 mu­ni­cí­pios e 139 fre­gue­sias, man­tendo ainda uma sig­ni­fi­ca­tiva pre­sença no con­junto dos ór­gãos au­tár­quicos: 171 ve­re­a­dores, 619 eleitos nas AM e 1665 eleitos nas as­sem­bleias de fre­guesia.

Nos co­mí­cios de Ma­to­si­nhos e Vila Franca de Xira, Je­ró­nimo de Sousa re­gistou como ne­ga­tivo a perda de 10 pre­si­dên­cias de câ­maras mu­ni­ci­pais, o que se re­flecte «em na­tu­rais sen­ti­mentos de in­sa­tis­fação e, até, de in­jus­tiça, par­ti­cu­lar­mente nesses con­ce­lhos, mas também na­queles que por todo o País se iden­ti­ficam, par­ti­cipam ou apoiam» o «pro­jecto de­mo­crá­tico e uni­tário» da CDU, um «es­paço de re­a­li­zação com­pro­vado ao ser­viço das po­pu­la­ções».

«Esta é uma perda, so­bre­tudo, para as po­pu­la­ções, para o ser­viço pú­blico, para os di­reitos dos tra­ba­lha­dores das au­tar­quias, para a de­fesa do am­bi­ente, da cul­tura, para a par­ti­ci­pação de­mo­crá­tica», afirmou, lem­brando que essa «perda» não tem que ser en­ca­rada como «de­fi­ni­tiva» e «para todo o sempre».

«Cá es­ta­remos para con­ti­nuar o com­bate e o tra­balho vi­sando a sua re­cu­pe­ração e re­tomar o tra­balho que, em­bora re­co­nhe­cido, não foi agora de­vi­da­mente va­lo­ri­zado e nal­guns casos [foi] ofus­cado pelas cir­cuns­tân­cias e fac­tores que não foram apenas lo­cais», apontou o Se­cre­tário-geral do PCP, aler­tando para a ne­ces­si­dade de «fazer uma aná­lise apro­fun­dada dos re­sul­tados elei­to­rais e do que eles re­flectem no plano local, para me­lhorar o nosso tra­balho e a nossa in­ter­venção».

Ataque an­ti­co­mu­nista
Je­ró­nimo de Sousa cri­ticou a cam­panha «sis­te­má­tica de ataque an­ti­co­mu­nista, com pre­textos di­versos, na­ci­o­nais e, so­bre­tudo, in­ter­na­ci­o­nais, que pro­curou avivar pre­con­ceitos, atri­buir ao PCP po­si­ci­o­na­mentos e va­lores que não são seus, nem nunca foram», onde não faltou «a ca­ri­ca­tura de­for­ma­dora e de­tur­pada» das po­si­ções do Par­tido, do seu pro­grama e pro­jecto.

De la­mentar foi, também, a «acção per­sis­tente de des­va­lo­ri­zação do papel do PCP na vida po­lí­tica na­ci­onal, si­len­ci­ando a sua ac­ti­vi­dade e ini­ci­a­tivas», dando a ter­ceiros e pro­jec­tando nou­tros «o que era re­sul­tado da sua ini­ci­a­tiva e tra­balho, o que era da sua acção e con­tri­buição di­recta, in­cluindo de me­didas de re­po­sição de di­reitos e ren­di­mentos que só foram con­cre­ti­zadas nesta nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal pela per­se­ve­rança e acção pre­po­si­tiva do PCP».

Ainda sobre as úl­timas elei­ções, Je­ró­nimo de Sousa alertou também para a cri­ação de «casos», em al­guns con­ce­lhos, vi­sando, sem fun­da­mento, «de­ne­grir os eleitos da CDU e atingir a sua com­pro­vada ho­nes­ti­dade».

In­tenção de con­fundir
Res­pon­dendo a quem «por aí ande à pro­cura de re­plicar» uma «su­posta so­lução na­ci­onal para o plano local», Je­ró­nimo de Sousa des­tacou, em Vila Franca de Xira, que no plano na­ci­onal «o que temos do ponto de vista ins­ti­tu­ci­onal é um go­verno mi­no­ri­tário do PS, no quadro de uma cor­re­lação de forças na As­sem­bleia da Re­pú­blica em que, com a sua in­te­gral in­de­pen­dência, o PCP e também o PEV pesam para a cons­trução de me­didas que dêem res­posta a pro­blemas dos tra­ba­lha­dores e do povo».

«Só quem des­co­nhece a na­tu­reza e ca­rac­te­rís­ticas do Poder Local De­mo­crá­tico pode ter uma visão par­la­men­ta­rista e go­ver­na­men­ta­li­zada do seu fun­ci­o­na­mento», cri­ticou.

Es­cla­receu, de se­guida, que o PCP não vai «boi­cotar» ou «obs­ta­cu­lizar» o fun­ci­o­na­mento das au­tar­quias. «Não nos des­vi­arão da nossa po­sição de dis­po­ni­bi­li­dade para tra­ba­lhar com todos os que querem tra­ba­lhar pela me­lhoria das suas terras», as­se­gurou.

De­tur­pação da men­sagem

Em Vila Franca de Xira, o Se­cre­tário-geral do PCP deu como exemplo o co­mício que havia acon­te­cido no dia an­te­rior, em Ma­to­si­nhos, para de­mons­trar a «de­tur­pação da men­sagem da CDU» na cam­panha elei­toral.

Apontou o dedo aos ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial, que «trans­for­maram uma de­núncia à in­tensa cam­panha an­ti­co­mu­nista que a partir de as­suntos in­ter­na­ci­o­nais pro­curou avivar pre­con­ceitos e atri­buir ao PCP va­lores que não de­fende, com a re­fe­rência crí­tica à acção de ou­tros par­tidos que jus­ta­mente também de­nun­ciámos».

«E não sa­tis­feitos com isso, con­se­guiram apagar da crí­tica feita ao con­junto dos par­tidos e ao seu po­si­ci­o­na­mento elei­toral o PSD e o CDS, para pro­curar con­cluir que o PCP só cri­ticou o PS e o BE», acres­centou, de­sa­ba­fando: «É obra, ca­ma­radas!».

«O que dis­semos por ou­tras pa­la­vras e man­temos», es­cla­receu, «é que na acção geral de ataque à CDU e de des­va­lo­ri­zação do PCP não se pode omitir o de­li­be­rado papel as­su­mido pelos ou­tros prin­ci­pais par­tidos e can­di­da­turas par­ti­ci­pantes na ba­talha elei­toral, sem ex­cepção, par­ti­cu­lar­mente con­cen­trada em mu­ni­cí­pios de mai­oria CDU, de ataque à sua gestão». Este foi «um ataque ba­seado em ar­gu­mentos falsos e muitas vezes ofen­sivos e, nal­guns casos sem olhar a meios para, por via da fal­si­fi­cação e mesmo da ca­lúnia, de­ne­grir a CDU, os seus eleitos e a sua obra. E isso foi uma evi­dência!», acres­centou.

Avanços in­su­fi­ci­entes

Sobre os úl­timos dois anos da nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal, «aberta com a luta dos tra­ba­lha­dores e a acção de­ci­siva do PCP», Je­ró­nimo de Sousa des­tacou que «foi pos­sível», ainda que de forma li­mi­tada, «fazer avançar me­didas para res­ponder a al­guns pro­blemas mais sen­tidos pelo povo por­tu­guês».

Apesar disso, «a si­tu­ação do País con­tinua, con­tudo, pro­fun­da­mente mar­cada pelas con­sequên­cias du­ra­douras de dé­cadas de po­lí­tica de di­reita e de in­te­gração ca­pi­ta­lista da União Eu­ro­peia, pela sub­missão ex­terna, pelo cres­cente do­mínio mo­no­po­lista da eco­nomia na­ci­onal».

«Pro­blemas que co­locam cada vez mais o País pe­rante a im­pe­ra­tiva ne­ces­si­dade de optar entre o apro­fun­da­mento deste rumo de sub­missão e de­pen­dência, que o con­du­zirá a prazo ao de­sastre, ou o da li­ber­tação dos cons­tran­gi­mentos e amarras a que tem es­tado e está su­jeito, e afirmar e ga­rantir o seu de­sen­vol­vi­mento so­be­rano», re­feriu o Se­cre­tário-geral do PCP.

Nos co­mí­cios, acusou ainda PSD e CDS de pros­se­guirem uma «acção re­tró­grada, re­ac­ci­o­nária e re­van­chista», vi­sando a «re­po­sição das con­di­ções de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento que pro­ta­go­ni­zaram du­rante o seu an­te­rior go­verno de co­li­gação», mas também o PS, que está «vin­cu­lado a op­ções de de­fesa dos in­te­resses do grande ca­pital e de sub­missão ex­terna que co­artam a pos­si­bi­li­dade de dar res­posta aos pro­blemas de fundo da vida na­ci­onal».

Ou­tras so­lu­ções
«Por­tugal pre­cisa de en­con­trar ou­tras so­lu­ções» e «a si­tu­ação dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País re­vela a ne­ces­si­dade e a ur­gência de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva», acen­tuou Je­ró­nimo de Sousa, dando como exemplo, entre ou­tras ques­tões, a «di­mensão dos in­cên­dios e as suas con­sequên­cias», a «evo­lução na PT e a chan­tagem e re­pressão da PT/​Al­tice sobre os tra­ba­lha­dores», a «dre­nagem diária de de­zenas de mi­lhões de euros para o es­tran­geiro em di­vi­dendos e juros», «os baixos sa­lá­rios e a pre­ca­ri­e­dade» e os «atrasos e de­bi­li­dades do apa­relho pro­du­tivo».

Na sua acção, ga­rantiu, o PCP vai-se mo­bi­lizar e de­dicar «es­forços, di­na­mi­zando e dando força à luta dos tra­ba­lha­dores e do povo na de­fesa dos seus le­gí­timos in­te­resses».

Va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores

Para além dos pro­cessos de ins­ta­lação dos ór­gãos au­tár­quicos e o início da to­mada em mãos da con­cre­ti­zação dos com­pro­missos elei­to­rais as­su­midos, nas pró­ximas se­manas, Je­ró­nimo de Sousa deu conta da re­a­li­zação, nos dias 26, 27 e 28 de Ou­tubro, de uma jor­nada na­ci­onal de in­for­mação e con­tacto com os tra­ba­lha­dores e a po­pu­lação sobre os avanços ve­ri­fi­cados e as me­didas ne­ces­sá­rias para ir mais longe na de­fesa, re­po­sição e con­quista de di­reitos.

Na rua e nos lo­cais de tra­balho, o PCP apre­sen­tará as suas pro­postas, dando corpo a uma cam­panha de va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores, pelo au­mento geral dos sa­lá­rios e do sa­lário mí­nimo na­ci­onal, pelos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, a que se junta a acção em curso de com­bate à pre­ca­ri­e­dade, bem como de ini­ci­a­tivas pros­se­guindo a in­ter­venção em torno das ques­tões da pro­dução, do em­prego e da so­be­rania.

Re­vo­lução de Ou­tubro
O Par­tido de­sen­vol­verá a fase final do pro­grama das co­me­mo­ra­ções do Cen­te­nário da Re­vo­lução de Ou­tubro com vá­rias ini­ci­a­tivas e, em par­ti­cular, com um co­mício, em Lisboa, no Co­liseu dos Re­creios, no dia 7 de No­vembro. No Porto, dia 9 de De­zembro, re­a­liza-se a sessão pú­blica de en­cer­ra­mento no Te­atro Ri­voli.




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FU­TURO Em Ma­to­si­nhos e Vila Franca de Xira, onde se re­a­li­zaram grandes co­mí­cios do PCP, nos dias 5 e 6 de Ou­tubro, Je­ró­nimo de Sousa falou sobre os re­sul­tados das úl­timas elei­ções au­tár­quicas e da ne­ces­si­dade de «dar novos passos e avanços», para me­lhorar as con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo. Apelou ainda ao re­forço do Par­tido, que «está firme no seu ideal» e con­ti­nuará a lutar «todos os dias, em todas as frentes, pela cons­trução de um Por­tugal com fu­turo».