Votos contra o silenciamento

Período de campanha eleitoral é, invariavelmente, terreno fértil para pequenos e grandes truques mediáticos de ocultação da CDU. Não entendendo (ou não querendo entender) nada do que está em causa no próximo domingo, é habitual vermos as iniciativas de campanha reduzidas ao assunto nacional do dia, ignorando a própria campanha autárquica. O resultado é que, tantas vezes, se não fosse uma referência de fugida, mal conseguimos perceber em que localidade as declarações foram feitas.

Ao mesmo tempo, as eleições num determinado município são, frquentemente, reduzidas a uma corrida a dois pelas televisões. São vários os casos em que são apresentados o concorrente do PSD que quer tirar a presidência ao PS ou vice-versa, esquecendo que o que está em causa é a eleição de vereadores e que as outras candidaturas não estão lá só para fazer paisagem, como o trabalho em minoria dos eleitos da CDU comprova.

Mas, no caso da relação da RTP com o concelho de Odivelas, a desfaçatez foi mais longe. Na peça que foi para o ar no dia 15, o esquema é o de sempre: o ex-presidente da Câmara de Sintra do PSD que, depois de tentar Lisboa, quer ganhar Odivelas ao PS. Acontece que, nesse caso, a composição do executivo municipal e o resultado das últimas eleições desmentem tal cenário. É que é a CDU a segunda força municipal, com mais vereadores eleitos que o PSD e, pasme-se, até tem a presidência de uma freguesia (o que não acontece com o PSD).

Já os mistérios em torno das sondagens são sempre insondáveis. Mas no caso daquela que foi publicada pelo JN sobre o concelho de Lisboa, o caso assume proporções de bruxaria. Deixando as considerações sobre sondagens e os seus propósitos de parte, vamos aos factos. Antes da distribuição dos que dizem abster-se, não respondem ou estão indecisos, a CDU surge com uma percentagem e o BE um ponto abaixo. Depois do cálculo mágico, surgem empatados – efeito do arredondamento das décimas, dirão os responsáveis. Já o arranjo gráfico no jornal, com a CDU a surgir abaixo do BE, só pode ser classificada como uma pura e simples manipulação. Quando o resultado não bate certo com o guião pré-fabricado, martelam-se os números e ajeita-se a ordem.

Veja-se ainda o tempo e as condições desiguais com que são tratadas as candidaturas em várias concelhos do País. Sobre Almada, vemos peças em que é dada voz aos candidatos de outros partidos em iniciativas em que participam dirigentes nacionais, como aconteceu recentemente com o PS e o BE. Em circunstâncias idênticas, no passado dia 21, as peças de televisão transmitem apenas as declarações do Secretário-geral do PCP numa iniciativa em Almada, sem declarações do candidato da CDU, que, por acaso, também é o actual presidente da Câmara.

Exemplos como este sucedem-se: em Odivelas, como vimos; ou em Loures, onde os candidatos do PSD e do BE têm ampla cobertura mediática, ao contrário do actual presidente e candidato da CDU. O facto de um candidato fazer declarações incompatíveis com o nosso regime democrático (como no caso do PSD) não devia ser motivo para tratamento mediático privilegiado, mas alguns retorcidos critérios editoriais parecem achar que sim.

O próximo domingo é dia de dar resposta ao silenciamento, votando e, até lá, levando todos quantos consigamos a votar na CDU.




Mais artigos de: PCP