1933 – Estreia de Zero em comportamento
«De que serviria fazer a caricatura de tal ou tal governo, de tal ou tal nação? À excepção de um só, todos se equivalem. (...) Infelizmente, para mim, o problema é mais sério. A minha preocupação, mais vasta e mais casta. A infância. (...) Garotos abandonados numa bela tarde de Outubro, no início do ano lectivo, num pátio de honra, nalgum lugar da província, sob uma qualquer bandeira, mas sempre longe de casa, onde se espera o afecto de uma mãe, o companheirismo de um pai, se ele já não estiver morto». Palavras de Jean Vigo a propósito de Zéro de conduite, no título original, um dos quatro filmes da sua brevíssima carreira de cineasta. Jean Vigo (filho do militante anarquista Eugène Bonaventure de Vigo, mais conhecido pelo pseudónimo de Miguel Almereyda), morreu de tuberculose em 1934, com apenas 29 anos de idade. Considerado um dos grandes nomes do cinema francês, Jean Vigo traça em Zéro de conduite, onde figuram meninos dos bairros pobres de Paris, um retrato da infância oprimida, tendo como cenário um internato escolar, onde a rebeldia dos alunos se confronta com a prepotência e conservadorismo dos professores, e o humor funciona como instrumento de crítica social. O filme, por muitos considerado um hino à liberdade, esteve proibido até ao final da Segunda Guerra Mundial.