Resposta firme à arrogância da Renault Cacia
MULTINACIONAL A direcção da fábrica da Renault em Cacia deu o dito por não dito e recusou a entrada de representantes sindicais portugueses, franceses e espanhóis, que contactaram os trabalhadores na portaria.
Manobras destas suscitam denúncia pública e protesto
A visita da delegação, com dirigentes da Fiequimetal/CGTP-IN e de federações congéneres de França (CGT) e Espanha (Comisiones Obreras), e a realização de plenários, no dia 5, tinham sido devidamente acertadas com a direcção da empresa e com a Comissão de Trabalhadores, como relatou o SITE Centro-Norte.
Num comunicado aos trabalhadores, o sindicato revelou que a direcção da Renault Cacia até pediu os nomes de quem integraria a delegação, para tratar das autorizações de entrada, e a CT comunicou o compromisso relativamente à realização dos plenários. Mas no dia 4 a direcção veio recusar a realização da visita e a CT decidiu, por maioria (com os votos contra de dois membros que são também dirigentes do SITE) desconvocar os plenários.
«Se a posição da empresa não surpreende, já a posição da CT é inaceitável, pois cada vez parecem mais interessados em agradar ao patronato do que em discutir com os trabalhadores soluções para resolver os seus problemas laborais», comentou o sindicato.
A delegação, que incluía trabalhadores de empresas da Renault em Espanha e França, alguns dos quais membros do Comité de representantes do grupo, esteve à porta da fábrica, no dia 5, das 12 às 15 horas, distribuindo uma posição conjunta das três federações sindicais e ouvindo os trabalhadores. Asseguraram que vão «dar conhecimento da arrogância desta direcção», nos locais de trabalho e junto da direcção central da Renault, e «manter a intransigência na defesa dos direitos laborais, pessoais e familiares de todos os trabalhadores».
«A direcção da Renault Cacia teve medo do quê?» – questionou a União dos Sindicatos de Aveiro, dia 5. Numa nota de imprensa sobre este caso, a estrutura distrital da CGTP-IN admitiu o receio patronal de que «os trabalhadores informassem os membros da delegação da arrogância e prepotência da actual direcção», ou que a direcção pretendesse «impedir que os trabalhadores fizessem a denúncia dos ritmos intensivos de trabalho, do continuado assédio moral, da perseguição e repressão disciplinar sobre os trabalhadores que não cedem e lutam contra a retirada dos direitos laborais, pessoais e familiares».
Diálogo na Autoeuropa
«Estão criadas as condições para o diálogo» na Volkswagen Autoeuropa, afirmou a Comissão Sindical do SITE Sul, após a reunião de dia 7 com a administração. Esta reconheceu que o modelo de horário apresentado continha aspectos negativos para a vida dos trabalhadores e mostrou-se disponível para encontrar outra solução, refere-se num comunicado que o sindicato distribuiu na empresa no dia seguinte e que foi divulgado no sítio electrónico da federação.
Ficou acordada a realização de uma nova reunião, a agendar nos próximos dias.
Anunciada durante a greve de 30 de Agosto, a reunião permitiu que o SITE Sul e Fiequimetal reafirmassem a sua posição, em consonância com a exigência dos trabalhadores, insistindo em que a administração deve abandonar a intenção de aplicar o modelo de horário há muito contestado.
A Comissão Sindical informou ainda que teve, no dia 6, uma reunião na fábrica de Palmela com responsáveis do sindicato metalúrgico alemão IG Metall, que se mostraram solidários e disponíveis para estar ao lado dos trabalhadores da VW Autoeuropa.