MPLA vence eleições em Angola, João Lourenço será o presidente
DEMOCRACIA As eleições gerais em Angola foram livres, justas e transparentes. O MPLA venceu e o seu primeiro candidato, João Lourenço, será o próximo presidente da República.
Resultados definitivos serão divulgados a 7 de Setembro
Em Angola, o MPLA ganhou com maioria qualificada as eleições presidenciais e legislativas de 23 de Agosto. João Lourenço será o novo presidente da República e Bornito de Sousa o vice-presidente.
De acordo com resultados provisórios anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana, quando estavam escrutinados 98,98% dos votos em todo o país, o MPLA liderava com 61,05% (4 115 302 votos), a que corresponde a eleição de 150 dos 220 deputados, uma maioria de mais de dois terços.
A Unita seguia em segundo lugar, com 26,72% (1 800 860 votos) e uma previsão de 51 deputados. Vinham depois a CASA-CE, com 9,49% e 16 mandatos; o PRS, com 1,33% e dois deputados; a FNLA, com 0,91% e um deputado; e a APN, com 0,50% e sem nenhum eleito na próxima Assembleia Nacional.
Segundo estes resultados, o MPLA venceu as eleições em todos os18 círculos provinciais e no círculo nacional.
O líder da Unita, Isaías Samakuva, anunciou que não reconhece os resultados provisórios divulgados pela CNE. A CASA-CE, encabeçada por Abel Chivukuvuku, admitiu impugnar os resultados.
A CNE deve divulgar os resultados definitivos das eleições gerais a 7 de Setembro e os novos presidente e vice-presidente da República serão empossados entre os dias 8 e 12.
Livres, justas e transparentes
As eleições angolanas foram acompanhas por mais de um milhar de observadores nacionais e cerca de 200 estrangeiros.
Os observadores da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), da União Africana, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) declararam em Luanda, no dia 25, de forma unânime, que as eleições foram «livres, justas e transparentes».
De um modo geral, as eleições foram consideradas bem organizadas, não se registou constrangimentos na participação dos eleitores, houve material eleitoral em quantidade suficiente, as forças policiais asseguraram a tranquilidade.
A missão da SADC, chefiada pelo ministro tanzaniano dos Negócios Estrangeiros, Augustine Mahiga, falou num «ambiente justo, livre e pacífico».
Para a União Africana, pela voz do chefe dos observadores, José Maria Neves, antigo primeiro-ministro de Cabo Verde, as eleições decorreram no respeito pelo quadro jurídico nacional e pelas normas internacionais em matéria de eleições democráticas.
Miguel Trovoada, antigo presidente da República de S. Tomé, chefiou a missão da CPLP e confirmou que as eleições foram livres, credíveis e pacíficas, contribuindo para «o reforço das instituições democráticas, a coesão nacional e o amplo exercício da cidadania».
Margel Baute, da CEEAC, destacou a participação dos cidadãos e salientou que eventuais conflitos relacionados com o processo eleitoral devem ser dirimidos nas instâncias legais.
Mudança de geração
Os antigos presidentes de Cabo Verde, Pedro Pires, de Moçambique, Joaquim Chissano, de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, e de Timor-Leste, José Ramos Horta, consideraram também as eleições «pacíficas, livres, justas e transparentes».
Convidados como observadores internacionais, os antigos líderes contaram em Luanda como observaram diferentes assembleias de voto, tendo testemunhado a abertura e o fecho das urnas, o processo de votação e o apuramento dos resultados.
Verificaram que as eleições decorreram de forma ordeira e pacífica, sem incidentes ou irregularidades de realce, e constataram, «com satisfação», uma taxa de participação acima da média.
Pedro Pires, que foi portador de uma mensagem do chefe de Estado de Cabo Verde para o presidente cessante da República de Angola, José Eduardo dos Santos, desejou êxitos aos futuros governantes.
Pedro Pires destacou que haverá uma mudança de geração na governação e manifestou a esperança de que «a nova geração tenha tanto êxito quanto as anteriores». Confidenciou que deixa Angola bem impressionado e convencido de que o país deu um passo importante na consolidação da democracia.