Governo espanhol e rei vaiados na grande manifestação em Barcelona

PROTESTO Milhares de pessoas manifestaram-se, dia 26, em Barcelona, em repúdio aos atentados terroristas, mas também vaiaram Felipe VI e Mariano Rajoy pelas políticas belicistas.

Manifestação massiva repudia terrorismo e políticas belicistas

A grande manifestação, que juntou cerca de meio milhão de pessoas, segundo a polícia local, foi organizada pela Câmara Municipal de Barcelona e pelo governo regional da Catalunha, liderados por Ada Colau e Carles Puigdemont, respectivamente, em memória das vítimas dos atentados de 17 e 18 de Agosto, em Barcelona e Cambrils, nos quais morreram 15 pessoas e mais de 120 ficaram feridas.

A iniciativa foi secundada noutras cidades, como Madrid, Valência, Alicante, Castelló e Vigo, onde também se realizaram concentrações.

Pela primeira vez, tanto o Rei Felipe VI, como Mariano Rajoy, presidente do governo, desfilaram junto dos manifestantes, mas a sua presença suscitou o sonoro repúdio daqueles que responsabilizam a política belicista de Espanha e o negócio das armas pela escalada terrorista no país.

Num grande pano erguido a braços sobre as cabeças de dezenas de manifestantes, lia-se: «Felipe VI e o Governo espanhol, cúmplices do tráfico de armas». Noutra faixa, era igualmente claro o sentido da frase: «As vossas políticas, as nossas mortes».

De resto as imagens do desfile estão polvilhadas de cartazes contra a venda de armas, exigindo a paz como a única solução, assim como reafirmando o mote da jornada «Não tenho medo» («No tinc por», em catalão) em sinal de rejeição dos bárbaros atentados que vitimaram civis inocentes.

A manifestação, que foi encabeçada por 75 representantes de diferentes corpos de segurança e protecção civil, terminou na Praça da Catalunha, com um momento solene, em que se ouviu música de Pau Casals e foram lidos textos de Frederico García Lorca e de Josep Maria de Sagarra. O momento terminou com os manifestantes a cantarem a frase «No tinc por».

Antes do início da marcha, cerca de 170 organizações realizaram uma concentração alternativa em protesto pela presença do monarca Felipe IV. Aliás, tanto os independentistas de esquerda da CUP como o Podemos da Catalunha opuseram-se a que o rei pudesse encabeçar a manifestação, lembrando as ligações da Casa Real com a monarquia saudita, acusada de financiar o extremismo islâmico a nível internacional.

No entanto, tal que não impediu a participação generalizada na grande manifestação de representantes das diferentes forças políticas, incluindo os líderes das formações de esquerda.

Em simultâneo com o desfile de Barcelona, decorreu uma concentração na cidade de Ripoll, onde residia a maior parte dos membros da célula jihadista, responsável pelos atentados de Barcelona e Cambrils.

Na iniciativa, segundo relatou o jornal digital publico.es, participou a irmã de um dos presumíveis terroristas detidos que se dirigiu aos presentes com palavras de solidariedade com as vítimas e de rejeição da xenofobia. Na sua intervenção emocionada repudiou ideologias extremistas que «nada têm a ver com o Islão».




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