Direita polaca prossegue ofensiva contra independência do poder judicial
O partido conservador Direito e Justiça (PiS) apresentou, dia 12, no parlamento um projecto que visa subordinar o Tribunal Supremo ao Governo, forçando a aposentação dos actuais titulares e a sua substituição por juízes nomeados pelo executivo.
A oposição qualificou de imediato a proposta de «golpe de Estado», segundo a expressão de Grzegorz Schetyna, líder da Plataforma Cívica, segunda força no parlamento.
A primeira presidente do Tribunal Supremo, Malgorzata Gersdorf, considerou que a reforma transforma o Supremo num «tribunal adjunto do ministro da Justiça». Será «uma câmara disciplinar» com poderes sobre o conjunto do corpo judiciário.
A magistrada notou ainda que o facto de a proposta não ter surgido do governo mas sim do grupo parlamentar maioritário teve como objectivo evitar consultas dos órgãos visados.
Na mesma semana, os deputados debateram dois outros projectos, um que subordina o Conselho Nacional de Magistratura ao Parlamento e outro que cria um novo regime dos tribunais de direito comum, cujos presidentes passarão a ser nomeados pelo ministro da Justiça.
Desde a vitória nas legislativas de 2015, o governo do PiS colocou sob o seu controlo directo o gabinete do procurador-geral, os órgãos públicos de comunicação e limitou fortemente a capacidade do Tribunal Constitucional de vetar diplomas não conformes com a Lei Fundamental.