CNA exige responsabilização sobre fogos e culpa industrialização da floresta

RESPONSABILIDADE A Confederação Nacional de Agricultura (CNA) pretende que o governo apure todas as responsabilidades sobre os incêndios que devastam o centro do País e fala em pasto fértil para as chamas.

Não basta decretar três dias de luto nacional

Solidarizando-se com os familiares das vítimas e expressando o seu pesar por todos aqueles que sofreram consequências devastadoras dos fogos no centro do País, a CNA nota que que «não basta decretar três dias de luto nacional por muito que a tragédia o justifique». Nesse sentido, reclama do Governo e demais órgãos de soberania a aferição das causas da catástrofe e responsabilização a todos os níveis, e que «sejam rapidamente apurados todos os principais prejuízos provocados pela catástrofe em habitações e outros bens como oficinas, armazéns, máquinas e alfaias, instalações pecuárias, gados, culturas, vinhas, pomares e olivais, bem como quanto a incapacidade temporária para produzir devido à destruição dos equipamentos e/ou culturas, e, ainda, por prejuízos em infra-estruturas colectivas, por exemplo, em estradas e condutas de água pública – para que, também de forma célere, sejam definidas medidas oficiais de excepção».

Em nota enviada às redacções, a Confederação insiste que «não basta que o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural venha apresentar medidas de circunstância como aquelas que já se tornaram rotineiras no âmbito de certos apoios do PDR 2020 e, ainda por cima, indexadas a eventuais seguros agrícolas ou de qualquer outro tipo que os agricultores e as populações rurais possam ter feito».

No mesmo texto, a CNA atribui à floresta industrial uma das causas de fundo do sucedido, e fala mesmo em «pasto ideal para os violentos e extensos incêndios florestais logo que certos factores climatéricos se conjuguem». «Ganha pois toda a acutilância o “velho” problema da falta de definição e aplicação de um correcto ordenamento florestal que impeça as vastas áreas contíguas cheias de espécies muito comburentes e em regime intensivo de produção», acrescenta a CNA, para quem importa igualmente não esquecer «que a ruína da agricultura familiar, em consequência desta PAC e de muitos anos seguidos de más políticas agro-rurais de matriz nacional, ou os baixos preços da madeira na produção, são outros factores que estão na base dos violentos e extensos incêndios florestais que se verificam sazonalmente».

Nos próximos dias 23 e 24 de Junho, na Escola Superior Agrária de Coimbra, a CNA promove justamente uma Conferência Nacional sobre «Estatuto da Agricultura Familiar Portuguesa», o qual defende o reconhecimento da importância daquela para a economia nacional e das regiões, mas também na alimentação das populações, na coesão territorial, na defesa e preservação do património cultural, na biodiversidade, no combate às alterações climáticas, entre muitos outras vertentes.

 



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