Agravamento das desigualdades penaliza trabalhadores franceses
As camadas mais pobres da população francesa viram a sua situação agravar-se na última década, período em que os rendimentos das camadas médias estiveram praticamente estagnados, revela um relatório da associação «Observatoire des inégalités», divulgado dia 30 de Maio.
O estudo qualifica de «inversão histórica» a tendência de aumento das desigualdades, verificada a partir de meados dos anos 90, que interrompeu o ciclo de atenuação observado em França na década anterior.
Entre 2003 e 2014, os dez por cento mais pobres da população francesa viram as suas condições económicas degradar-se, perdendo cerca de 30 euros por mês do rendimento médio.
Mais de 950 mil pessoas ficaram em situação de pobreza entre 2004 e 2014 e a situação só não é pior porque «o modelo social francês amorteceu o choque», segundo declarou Louis Maurin, director do observatório, na apresentação do relatório.
A escalada da pobreza está directamente ligada com a explosão do desemprego, que aumentou 75 por cento nos últimos oito anos, atingindo mais entre três e 4,5 milhões de pessoas.
Porém, também o flagelo do desemprego se abateu sobre a sociedade de forma desigual: 70 por cento dos novos desempregados entre 2008 e 2016 são empregados ou operários e a taxa de desemprego entre os operários ultrapassa os 20 por cento, ou seja, quatro vezes mais do que nos quadros superiores.