Treze órgãos de comunicação social europeus iniciaram, dia 19, a publicação de uma investigação jornalística sobre «os bastidores do paraíso fiscal» em Malta.
Segundo o sítio francês Mediapart, citado pela AFP, as operações realizadas na pequena ilha de apenas 430 mil habitantes privam anualmente outros países da União Europeia de receitas fiscais na ordem dos dois mil milhões de euros.
A investigação, denominada «Malta Files» (ficheiros de Malta), foi realizada por 49 jornalistas sedeados em 16 países durante quatro meses.
Os seus resultados, que serão publicados ao longo de duas semanas, revelam esquemas de «optimização e evasão fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção» e incluem a lista completa de pessoas e entidades envolvidas nas 53 247 empresas registadas em Malta.
Entre estas estão multinacionais como Bouygues, Total, BASF, Ikea, ou bancos como Reyl e JP Morgan, segundo o Mediapart.
O Der Spiegel afirma que vários grupos alemães têm empresas registadas em Malta, caso da BMW, BASF, Deutsche Bank, Puma, Perck, Bosch, ou Rheinmettall. Só a companhia aérea Lufthansa possui «18 filiais em Malta».
De acordo com o L'Espresso, a Itália é, «de longe», o país mais representado nos «Malta Files», com cerca de oito mil empresas maltesas controladas por accionistas italianos.
Por cá, o Expresso referiu que há 465 cidadãos portugueses accionistas de empresas em Malta. Desses, 381 são residentes em Portugal e controlam de forma directa 257 empresas naquele país. O semanário refere ainda que mais de 93 por cento dessas empresas foram criadas a partir de 2007, depois de o governo local ter lançado um «esquema de devolução quase total de impostos para contribuintes não residentes cujos rendimentos não sejam obtidos em Malta, resultando numa taxa efectiva de cinco por cento».
Essa terá sido uma forma de Malta aumentar a liquidez dos bancos locais em plena crise financeira mundial.