572-574 – «A correcção dos rústicos» de Martinho de Dume

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A epístola De correctione rusticorum (A correcção dos rústicos) da autoria de S. Martinho de Dume, arcebispo de Braga de 562 a 579, foi concebida para substituir «falsos símbolos» por «verdadeiros símbolos» e dela decorre a originalidade de Portugal (e a Galiza, então sob influência da diocese bracarense) ser o único país latino em que os nomes dos dias da semana não estão ligados aos «deuses pagãos» da civilização greco-romana. Enquanto nos restantes subsiste o «paganismo semanal» em que segunda-feira é dia da lua; terça-feira é dia de Marte; quarta-feira é dia de Mercúrio; quinta-feira dia de Júpiter e sexta-feira dia de Vénus, ou outros deuses da mitologia, em Portugal vingou a ideia pregada por S. Martinho de que os «ídolos, os demónios, o culto das forças da natureza, o hábito de dar aos dias da semana o nome de deuses da mitologia greco-latina (...) são criticados por não serem consentâneos com o estatuto de um verdadeiro cristão». Exceptua-se o sábado (do hebraico shabat) que significa «dia do descanso» e o domingo (do latim dies Dominicus) que significa «dia do Senhor». O termo «feira», do latim «feria», que se usava inicialmente apenas na Semana Santa, acabou por ser adoptado para todo o ano, sendo hoje uma exclusividade dos países de língua portuguesa.