LOURES Jerónimo de Sousa participou anteontem, 2, numa marcha em Camarate pela urgente redução do preço do gás de botija, duas vezes superior ao do gás natural.
O bairro dos Fetais, na freguesia de Camarate, foi o local escolhido pelo PCP para trazer à rua a sua exigência de redução do preço do gás de botija, que penaliza de modo muito significativo este bairro do concelho de Loures, como tantos outros bairros e localidades pelo País fora. Na acção, em que participaram mais de cem pessoas, intervieram militantes e activistas locais do PCP, entre os quais o presidente da União de Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação, Arlindo Cardoso, que valorizou a importância desta luta para a população.
Tendo a seu lado, no pequeno palco instalado na rua, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, Jerónimo de Sousa inseriu a exigência de redução do preço do gás de botija na luta mais geral em defesa de melhores condições de vida para os trabalhadores e o povo. Tal como sucede com a exigência da redução da factura eléctrica, sublinhou o Secretário-geral do PCP, também no caso do gás de botija está em causa a concertação das grandes companhias petrolíferas (Galp, BP, Repsol e Oz Energia) que se traduz num «claro roubo aos milhares de famílias que têm uma botija de gás em casa para cozinhar e para aquecer».
Lembrando que 75 por cento dos portugueses têm acesso a gás por via de botijas, o dirigente comunista denunciou o «escândalo» que constitui o facto de estes pagarem o gás duas vezes mais caro do que quem usa o gás natural. Jerónimo de Sousa realçou ainda que em Espanha o preço do gás de botija é regulado e o preço é cerca de metade: «Em Espanha paga-se a 13,55 euros por botija, cá a 24,18 euros, e em muitas regiões muito mais! E a diferença não pode ser justificada pelos impostos – o Imposto Sobre Combustíveis (o ISP) é igual lá e cá, e o IVA com mais dois pontos percentuais não justifica a diferença.»
Enfrentar as multinacionais
Assim, garantiu o dirigente comunista, não há outra justificação para os elevados preços do gás de botija que não seja a dos «lucros milionários que os grupos económicos do sector energético continuam a acumular no nosso País». Este é, acrescentou, um escândalo antigo, que tem sido denunciado e combatido pelo PCP, que tem feito propostas para lhe pôr fim. Se é verdade que algumas delas foram aprovadas, nomeadamente no último Orçamento do Estado (OE), também é certo que elas tardam em ser efectivamente concretizadas, denunciou.
Acusando o anterior governo de conhecer o problema e de não o enfrentar, o Secretário-geral do PCP também não poupou críticas ao actual Executivo que, quatro meses após a aprovação do OE ainda não implementou as medidas nele constantes que limitar os preços do gás. Após considerar que «não há justificação para a demora na baixa dos preços do gás», o dirigente do Partido defendeu a imposição às empresas de um regime de regulação de preços máximos, acabando assim com a especulação e as rendas excessivas.