Valores de Abril vivem e projectam-se no futuro
COMEMORAÇÕES Por todo o País, em múltiplas e diversificadas iniciativas em que participaram muitos milhares de pessoas, comemorou-se mais um aniversário da Revolução de Abril, realçando a perenidade e actualidade dos seus valores e conquistas.
Abril foi celebrado por muitos que não o viveram nem o fizeram
Os grandes desfiles populares de Lisboa e do Porto constituíram uma vez mais o ponto alto das comemorações da Revolução de Abril, que anteontem ocorreram de Norte a Sul do País. Trazendo às ruas as principais reivindicações dos trabalhadores e das populações das duas áreas metropolitanas, através das suas organizações e movimentos, os desfiles constituíram poderosas e alegres manifestações de exigência de um País – e de um mundo – mais consentâneo com o espírito, os valores e as conquistas de Abril.
Em faixas, cartazes e palavras de ordem exigiu-se trabalho digno e justamente remunerado; reformas que façam jus a quem trabalhou uma vida inteira; mais e melhor escola pública, Serviço Nacional de Saúde, protecção social, cultura e transportes públicos; o reconhecimento de facto da habitação como um direito constitucional e, portanto, universal; o investimento na produção nacional, na criação de riqueza e de emprego; e a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da cooperação, mais urgentes ainda num momento, como hoje, em que o imperialismo intensifica a agressão contra estados soberanos e a retórica e escalada militaristas.
Nessas duas grandes acções de massas, como noutras marchas, concentrações, sessões públicas e solenes, espectáculos musicais e iniciativas culturais, a participação da juventude foi notória, mostrando como os valores de Abril não só permanecem vivos mais de 40 anos depois, como têm garantida a sua projecção nas lutas do presente e do futuro.
A cada dia que passa fica mais claro que é no caminho de libertação nacional e emancipação social aberto com a Revolução de Abril que os grandes problemas do País têm solução. Como as comemorações do 43.º aniversário da Revolução demonstraram, são cada vez mais os que, tendo disso plena consciência, estão mobilizados para retomar esse necessário e exaltante caminho.
Militares de Abril com Abril
Com o salão da SFUAP, na Cova da Piedade, totalmente cheio, as associações e clubes militares comemoraram no domingo, 23, num almoço, os 43 anos da Revolução de Abril. O coronel Andrade e Silva, convidado de honra, abriu o período das intervenções, lembrando quando, ainda muito jovem, partiu na madrugada de 25 de Abril da Escola de Artilharia, em Vendas Novas, comandando as suas tropas até Almada e tomando posição no Cristo-Rei. Os almadenses, logo no dia 25, ao tomarem conhecimento da presença dos militares, levam-lhes comida, café e agasalhos, numa atitude de fraterna solidariedade, lembrou.
Em seguida, em nome dos promotores do evento, falou o coronel António Mota, presidente da Associação de Oficiais, AOFA, que reafirmou a vontade das associações e clubes de continuar a defender Abril e as suas conquistas, nomeadamente a Constituição, ela própria uma conquista de Abril, onde todas as outras ficaram consagradas. Intervieram ainda os presidentes da Assembleia e da Câmara municipais, José Manuel Maia e Joaquim Judas, respectivamente, que agradeceram a escolha de Almada para a realização desta comemoração, garantindo que tal honra o município. O presidente da Câmara aproveitou a ocasião para tornar pública a cedência provisória dos antigos escritórios da Piedense, na Trafaria, para sede da AOFA, que será inaugurada já no próximo sábado, 29.
O momento cultural da iniciativa foi preenchido pelo Coro Polifónico do Clube de Sargentos da Armada, dirigido pelo Maestro Euclides Pio, e pelo grupo musical «Dominó», da mesma instituição. O convívio terminou ao som de Grândola, Vila Morena, cantada pelos presentes.