Em alta na hotelaria
Amanhã começa uma greve ao trabalho extraordinário e em dia de descanso semanal no Hotel Palace do Bussaco, cujos trabalhadores não se conformaram com o aumento de dez euros e exigem respostas positivas ao caderno reivindicativo.
Este é um caso a mostrar como vai prosseguir a luta por mais justa distribuição da riqueza, no sector da hotelaria, restauração e turismo, que apresenta resultados muito positivos há vários anos, mas continua a não reflectir a boa situação económica nas condições dos trabalhadores.
Durante o período de elevada ocupação, na Páscoa, os sindicatos da Fesaht/CGTP-IN organizaram iniciativas de protesto e luta, confrontando as empresas com problemas por resolver e reivindicações por responder.
Na região Centro, a força dos trabalhadores fez com que a administração do Casino da Figueira da Foz recuasse na aplicação de horários ilegais. Pela reposição de direitos e rendimentos, foram realizadas distribuições de documentos aos clientes dos Empreendimentos Turísticos Montebelo, e nas pousadas de Óbidos e Viseu.
O sindicato referiu ainda lutas em curso ou em preparação no Grande Hotel do Luso, nas cantinas e refeitórios de serviços públicos e empresas, no SUCH (sectores de lavandaria, alimentação e resíduos), em restaurantes e pastelarias.
No Norte, em mais de 40 estabelecimentos, com mais de dois mil trabalhadores, foram apresentados 35 cadernos reivindicativos, havendo casos de resultados positivos, com aumentos salariais que chegam a 30 euros, mas também reposição de direitos relativos a diuturnidades, progressão na carreira, pagamento de feriados, subsídio nocturno.
Na segunda-feira, 17, o sindicato promoveu uma acção de protesto e denúncia junto do Hotel Ipanema Park, no Porto, salientando que o Grupo HF Fénix (que ali possui mais quatro unidades) não paga o trabalho em dia feriado segundo estipula o contrato, provocando um prejuízo de mais de 500 euros por cada um dos 300 trabalhadores.
No dia 14, Sexta-feira Santa, foi realizada uma acção de protesto frente ao Palace Vidago Hotel (do Grupo Unicer), a qual não foi interrompida perante a conversa do director, que ainda chegou a chamar a GNR, sem que esta lhe tivesse feito a vontade de dispersar a concentração. Os trabalhadores desta unidade, sem aumentos há seis anos, são discriminados também no que toca a prémios e regalias sociais.
No mesmo dia, foi também instalada uma «banca de protesto e denúncia» à entrada da Pousada do Freixo (Porto), contra a precariedade e em defesa do Acordo de Empresa. Com a melhor taxa de ocupação de sempre, as Pousadas de Portugal pagam salários muitos baixos e o Grupo Pestana requereu a caducidade do AE.
Tinha já decorrido uma acção sindical no dia 11, junto ao Hotel Crowne Plaza Porto, pela negociação do caderno reivindicativo, por aumentos salariais dignos e contra a precariedade.
No Algarve, cerca de 70 trabalhadores participaram numa manifestação, ao fim da tarde de quinta-feira, 13, no centro de Vilamoura. Com início junto ao Hotel Crowne Plaza Vilamoura, o desfile percorreu o anel de hotéis, na zona da Marina, com os manifestantes a gritarem palavras de ordem e distribuindo aos turistas um comunicado em várias línguas. Frente ao Hotel Luna Olympus, entre outros dirigentes, interveio Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP-IN.
Numa moção aprovada no final assinala-se que os trabalhadores «são os únicos que não estão a beneficiar dos excelentes resultados dos últimos anos». Enquanto os proveitos das empresas subiram 17 por cento, só em 2016, os trabalhadores sem actualização salarial perderam mais de nove por cento de poder de compra, só relativamente à inflação oficial.