Organização revolucionária da juventude na vanguarda da luta

CON­GRESSO A JCP sai re­for­çada e mais forte para con­ti­nuar na linha da frente a lutar, com a ju­ven­tude, por uma so­ci­e­dade nova, li­berta da ex­plo­ração do homem pelo homem, o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo.

Con­quistar o pre­sente, cons­truir o fu­turo

No Fórum Mu­ni­cipal Luísa Todi, em Se­túbal, es­ti­veram, nos dias 1 e 2 de Abril, 324 de­le­gados, vindos de todos os dis­tritos e das re­giões au­tó­nomas, das es­colas bá­sicas e se­cun­dá­rias, de es­colas pro­fis­si­o­nais, das ins­ti­tui­ções do En­sino Su­pe­rior, de em­presas e lo­cais de tra­balho, que, em­pe­nha­da­mente, par­ti­ci­param no 11.º Con­gresso da JCP, sob o lema «Con­quistar o pre­sente, cons­truir o fu­turo. É pela luta que lá vamos!». Pre­sentes es­ti­veram ou­tros jo­vens, de­pu­tados e di­ri­gentes do PCP, au­tarcas da re­gião, di­ri­gentes sin­di­cais e as­so­ci­a­tivos, po­pu­lação em geral.

Do Par­tido, na mesa da pre­si­dência com o Se­cre­tário-geral, es­ti­veram também Luísa Araújo, Paulo Rai­mundo, do Se­cre­ta­riado, João Frazão, Mar­ga­rida Bo­telho, da Co­missão Po­lí­tica, e An­tónia Lopes, do Co­mité Cen­tral e do Exe­cu­tivo da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Se­túbal.

«A aná­lise que fa­zeis da vida na­ci­onal, dos pro­blemas da ju­ven­tude e dos ca­mi­nhos para os su­perar, tem um ponto de par­tida e uma pre­missa que são de um ele­vado valor», afirmou, no final dos tra­ba­lhos, Je­ró­nimo de Sousa re­fe­rindo-se ao facto de ter ha­vido em Por­tugal «uma re­vo­lução li­ber­ta­dora, a Re­vo­lução de Abril, que abriu as ave­nidas do fu­turo, cujos va­lores se pro­jectam muito para além da sua im­ple­men­tação con­creta no pe­ríodo re­vo­lu­ci­o­nário, re­sis­tindo a todo o pro­cesso de contra-re­vo­lução que já leva mais de quatro dé­cadas».

Pro­blemas con­cretos

Pela tri­buna, de onde se via a frase «A ju­ven­tude é a chama mais viva da Re­vo­lução!», foram de­nun­ci­adas as di­fi­cul­dades dos es­tu­dantes do En­sino Se­cun­dário e Su­pe­rior, com tes­te­mu­nhos fla­grantes, pro­vando as con­sequên­cias do sub­fi­nan­ci­a­mento, fruto de dé­cadas de po­lí­tica de di­reita, agra­vadas pelo an­te­rior go­verno PSD/​CDS. Falou-se, assim, das de­fi­ci­entes con­di­ções de muitas es­colas, onde chove, onde não há fun­ci­o­ná­rios e pro­fes­sores em nú­mero su­fi­ci­ente, onde não há ma­te­riais de apoio, onde os ser­viços não fun­ci­onam, mas também dos custos da edu­cação, que afastam mi­lhares de es­tu­dantes do En­sino Su­pe­rior.

Por ali pas­saram, ainda, os pro­blemas dos jo­vens tra­ba­lha­dores, com re­latos, cruéis e de­su­manos, sobre pre­ca­ri­e­dade la­boral, baixos sa­lá­rios, de­fi­ci­entes con­di­ções de tra­balho, ho­rá­rios longos e pe­nosos, atro­pelos aos di­reitos.

Nas 89 in­ter­ven­ções, de­nun­ci­adas foram também as li­mi­ta­ções às li­ber­dades e ga­ran­tias cons­ti­tu­ci­o­nais, tra­du­zidas em ten­ta­tivas de im­pedir Reu­niões Ge­rais de Alunos, ac­ções de pro­pa­ganda ou pro­testo, ac­ções de pe­na­li­zação da par­ti­ci­pação ju­venil, assim como as li­mi­ta­ções do acesso à cul­tura, ao di­reito à mo­bi­li­dade, à ha­bi­tação.

«Todos os dias con­tri­buímos para re­sistir, para trans­formar, para cons­truir um mundo de paz e co­o­pe­ração, de pro­gresso e de di­reitos. Mas pre­ci­samos de ser mais, e este é o nosso apelo, alargar a uni­dade e a luta», lê-se no Ma­ni­festo à Ju­ven­tude Por­tu­guesa, apre­sen­tado pela JCP.

So­li­da­ri­e­dade com os povos

Este foi também um mo­mento de afir­mação in­ter­na­ci­o­na­lista. No Con­gresso par­ti­ci­param 26 or­ga­ni­za­ções de ju­ven­tude co­mu­nista e pro­gres­sista de todo o mundo, per­mi­tindo, desta forma, a troca de ex­pe­ri­ên­cias e vi­vên­cias, um maior co­nhe­ci­mento das re­a­li­dades de cada país, o con­vívio entre or­ga­ni­za­ções. Muitas ou­tras [or­ga­ni­za­ções] qui­seram estar pre­sentes, tendo en­viado sau­da­ções à 11.ª reu­nião magna dos jo­vens co­mu­nistas.

Apro­vada foi a moção «A luta pela paz e a so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista», onde se afirma que, «por todo o mundo, os povos e a ju­ven­tude re­sistem e lutam contra as vá­rias ex­pres­sões da ofen­siva im­pe­ri­a­lista». «Lutam contra a guerra, contra a fome, contra as guerras que os pre­tendem es­magar sem olhar a meios para atingir fins; lutam a favor da paz, a favor do pão e da ha­bi­tação, pelos seus di­reitos, pela pre­ser­vação das suas cul­turas, com os olhos postos no fu­turo», re­fere o do­cu­mento.

Sau­dadas, en­tu­si­as­ti­ca­mente, foram também as in­ter­ven­ções da União dos Jo­vens Co­mu­nistas de Cuba e do pre­si­dente da Fe­de­ração Mun­dial da Ju­ven­tude De­mo­crá­tica (FMJD), Ni­colas Pa­pa­de­me­triou, que ape­laram à par­ti­ci­pação no 19.º Fes­tival Mun­dial da Ju­ven­tude e dos Es­tu­dantes, que se re­a­li­zará na Rússia, de 14 a 22 de Ou­tubro de 2017, as­si­na­lando o cen­te­nário da Re­vo­lução de Ou­tubro [tema am­pla­mente de­ba­tido no Con­gresso e que também me­receu a apro­vação de uma moção] e os 70 anos do mo­vi­mento dos Fes­ti­vais.

«Temos que tornar claro que aqueles que correm para en­terrar as lutas dos povos, aqueles que pensam que vão con­se­guir su­primir a re­sis­tência po­pular, aqueles que ten­ci­onam en­cher a so­ci­e­dade de de­ses­pero e pes­si­mismo são os mesmos que mas­sa­craram povos e in­ten­si­fi­caram a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores», acusou o pre­si­dente da FMJD, fri­sando: «O nosso ini­migo é co­nhe­cido, foi e con­tinua a ser o im­pe­ri­a­lismo».

Eman­ci­pação da ju­ven­tude

No final, Fran­cisca Gou­lart, dos Or­ga­nismos Exe­cu­tivos, va­lo­rizou os quase 500 novos mi­li­tantes que na pre­pa­ração do Con­gresso in­te­graram a JCP. Na sua in­ter­venção, a di­ri­gente não es­queceu «todos os que cons­truíram este Con­gresso com de­di­cação e em­penho», em par­ti­cular «os ca­ma­radas que hoje passam ao Par­tido, le­vando a ex­pe­ri­ência, a mi­li­tância e um con­tri­buto único de quem deu tanto à luta da ju­ven­tude».

«Do mesmo lado, em etapas di­fe­rentes da vida, estes ca­ma­radas dão um con­tri­buto ines­ti­mável à eman­ci­pação da ju­ven­tude e do povo por­tu­guês, assim como deram à vida e luta da JCP! Bom tra­balho ca­ma­radas», de­sejou.

Sobre a nova Di­recção Na­ci­onal, a di­ri­gente da JCP su­bli­nhou que é pre­ciso «pros­se­guir e con­cre­tizar as con­clu­sões do Con­gresso». «Temos cons­ci­ência da exi­gência das ori­en­ta­ções que estão ver­tidas na Re­so­lução Po­lí­tica que apro­vámos, mas sa­bemos, so­bre­tudo, que apontam um ca­minho de fu­turo», des­tacou.

Sangue novo na JCP

No do­mingo, antes da sessão de en­cer­ra­mento, foi apro­vada, por mai­oria, com oito abs­ten­ções, a Di­recção Na­ci­onal (DN) da JCP, com 94 jo­vens co­mu­nistas, dos quais 53 são ra­pazes e 41 ra­pa­rigas. Destes, 36 são do En­sino Se­cun­dário, 30 do En­sino Su­pe­rior, 24 da ju­ven­tude tra­ba­lha­dora e dois do En­sino Pro­fis­si­onal.

Hen­rique Ca­nuto, 14 anos, es­tu­dante do 9.º ano na Es­cola Bá­sica Dom Do­mingos Jardo, em Sintra, membro da Co­missão Re­gi­onal de Lisboa e atleta de fu­tebol na So­ci­e­dade Unida 1.º de De­zembro, foi um dos jo­vens que in­te­grou a DN. Re­velou ao Avante! que chegou à or­ga­ni­zação re­vo­lu­ci­o­nária da ju­ven­tude através da «luta» porque «não de­vemos de­sistir da­quilo a que temos di­reito». Sobre a sua par­ti­ci­pação no Con­gresso, que acon­tece pela pri­meira vez como de­le­gado, re­velou que está «a aprender imensas coisas» e que «desde que en­trei para a JCP as mi­nhas notas me­lho­raram muito». O re­sul­tado deve-se «às con­versas com ou­tras pes­soas» e à «or­ga­ni­zação» que co­meçou a ter, para es­tudar, pre­parar in­ter­ven­ções e par­ti­cipar em reu­niões, tor­nando-o «uma pes­soas me­lhor» e «mais pre­pa­rada».

Também Fran­cisco Araújo, 17 anos, es­tu­dante do 12.º ano na Es­cola Se­cun­dária da Se­nhora da Hora, em Ma­to­si­nhos, membro do seu co­lec­tivo de es­cola, da Co­missão Re­gi­onal do Porto e do seu Exe­cu­tivo, da CNES e do seu Se­cre­ta­riado, pre­si­dente da As­sem­bleia Geral da AE da ESSH, en­trou para a DN da JCP. «Todos os jo­vens que vi­eram do Porto, em re­pre­sen­tação do en­sino bá­sico e se­cun­dário, estão a par­ti­cipar como de­le­gados pela pri­meira vez», afirmou, des­ta­cando a im­por­tância do ca­minho per­cor­rido até ali, o de «dis­cutir as teses» e «afirmar, nas ruas, o Con­gresso da JCP». Para Fran­cisco Araújo, que es­teve no XX Con­gresso do PCP, a par­ti­ci­pação na­quela reu­nião magna foi «muito en­ri­que­ce­dora», uma vez que «temos cons­ci­ência dos pro­blemas que os es­tu­dantes e os tra­ba­lha­dores sentem, de Norte a Sul do País».

Ale­xandra Ri­beiro, de Beja, foi es­tre­ante como de­le­gada. En­trou na JCP em Ja­neiro de 2917 e, desde então, par­ti­cipou em inú­meras reu­niões de pre­pa­ração do Con­gresso. De­cidiu in­te­grar as fi­leiras da JCP porque se iden­ti­fica com os seus «prin­cí­pios e ideais». Sobre os pro­blemas na sua es­cola, a alen­te­jana dá conta de «salas sem aque­ci­mento», «falta de fun­ci­o­ná­rios» e o «pa­vi­lhão des­por­tivo de­gra­dado, onde entra água quando chove».

Pre­parar o fu­turo

Para muitos este foi o seu pri­meiro Con­gresso. Mas houve também quem, de­pois de as­sistir aos tra­ba­lhos, de­cidiu ins­crever-se na JCP. Foi o caso da Flávia, de Santo Tirso. Sempre se sentiu uma «re­vo­lu­ci­o­nária» in­com­pre­en­dida, que nunca se calou, no­me­a­da­mente na es­cola que fre­quen­tava e no tra­balho que servia para ajudar nas des­pesas, cada vez mai­ores. Em 2015, de­pois de uma curta pa­ragem, vem es­tudar para Lisboa, de­pa­rando-se, uma vez mais, com um con­junto de pro­blemas mo­ti­vados pelo sub­fi­nan­ci­a­mento do En­sino Su­pe­rior, com custos, di­rectos e in­di­rectos, in­su­por­tá­veis. «Junto de mi­li­tantes da JCP, co­mecei a tomar co­nhe­ci­mento de ma­ni­fes­ta­ções e ac­ções de luta para pro­testar com a ac­tual si­tu­ação», su­bli­nhou a es­tu­dante de Co­mu­ni­cação, que sempre quis «ter a ex­pe­ri­ência de par­ti­cipar num Con­gresso da JCP». De­pois de ouvir vá­rias in­ter­ven­ções, co­meçou a acre­ditar que, in­te­grada num co­lec­tivo, pode com­bater a re­sig­nação e o con­for­mismo e lutar por um Por­tugal com fu­turo.




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