FMLN no futuro de El Salvador
O povo salvadorenho comemorou, em Janeiro, os 25 anos dos Acordos de Paz que puseram termo ao conflito armado que opôs as forças democráticas e populares, reunidas na Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), à violenta e opressiva ditadura militar que então governava aquele país da América Central.
As comemorações foram um momento de valorização do triunfo popular sobre a ditadura, de justa exaltação dos combatentes que sacrificaram a sua vida pela liberdade do seu povo e o início de um processo de democratização do país (incluindo das Forças Armadas), mas igualmente a oportunidade para o governo da FMLN, liderado pelo presidente Salvador Sánchez Cerén, apelar a um novo compromisso entre todas as forças políticas e sociais com base nas aspirações populares de justiça e igualdade sociais, de criação de emprego e diminuição da pobreza, de melhoria da qualidade de vida e redução dos níveis de violência, de desenvolvimento sustentável.
Este é um caminho que tem vindo a ser trilhado nos últimos sete anos pelos governos da FMLN, depois de décadas de executivos ao serviço da dúzia de famílias da oligarquia salvadorenha, as quais a ultra-reaccionária Aliança República Nacionalista continua a representar sabotando e bloqueando todo e qualquer programa de desenvolvimento com preocupações sociais.
Assinalar a celebração dos Acordos pela FMLN, que esta considera um marco na luta dos trabalhadores e do povo de El Salvador, além de um momento para recordar e dar a conhecer às novas gerações as causas que conduziram à luta de todo um povo, serviu para relembrar os avanços impulsionados pela FMLN e reafirmar o seu projecto.
Consolidar e avançar
A governação da FMLN, apesar das enormes dificuldades que tem de enfrentar – acção desestabilizadora das forças da direita e das suas ramificações nos aparelhos de Estado e judicial; minoria no parlamento –, conseguiu avanços importantes nos domínios da saúde, designadamente na saúde materno-infantil; na educação, com a erradicarão do analfabetismo em 62 municípios; no apoio aos pequenos agricultores e à produção agrícola; no combate à pobreza e às desigualdades, reduzindo em oito por cento a pobreza. O substancial aumento do salário mínimo nacional, em vigor a partir do início deste ano, vai permitir reduzir ainda mais a pobreza, assim como manter os níveis de crescimento económico. Sob governação da FMLN travou-se o avanço da política neoliberal, mas persiste a consciência da necessidade de a derrotar definitivamente.
A FMLN está confrontada com grandes desafios para levar por diante o seu projecto para El Salvador. Um projecto que, afirmou o secretário-geral da Frente, Medardo Gonzáles, tem no centro o ser humano e o benefício do país, e não de uma elite. Notou por isso a importância de reforçar a FMLN na Assembleia Legislativa, cujas eleições são já no próximo ano, bem como preparar as presidenciais agendadas para 2019. Mas acima de tudo, afirmou também o dirigente, importa continuar a lutar, porque: «[um] povo que não luta, não triunfa!»