Morreu Marcos Ana
Faleceu na quinta-feira, 24, aos 96 anos, o comunista e poeta espanhol Marcos Ana (Fernando Macarro Castillo). A última despedida ao histórico dirigente do Partido Comunista de Espanha (PCE) decorreu no sábado, 26, no Auditório Marcelino Camacho. Cerca de cinco mil pessoas compareceram à homenagem e muitas tiveram que aguardar fora do anfiteatro à chuva, noticiou o jornal Mundo Obrero.
Em mensagem dirigida ao Comité Federal do PCE, o Secretariado do Comité Central do PCP expressou as «sentidas condolências e os sentimentos de fraterna solidariedade dos comunistas portugueses» pelo desaparecimento do «corajoso combatente da liberdade contra a ditadura franquista e prestigiado intelectual poeta comunista».
Marcos Ana foi o preso político espanhol que mais anos seguidos permaneceu nos cárceres franquistas. Os 23 anos de reclusão ininterrupta a que foi sujeito pela ditadura fascista espanhola só são comparáveis aos cumpridos pelo também preso político sul-africano Nelson Mandela (27 anos).
Nascido em 1920, nos arredores de Madrid, no seio de uma família católica, Marcos Ana ingressou durante a sua juventude nas fileiras socialistas e em 1937 no PCE, tendo servido como comissário político durante a Guerra Civil Espanhola. Preso após a derrota da República Espanhola e sujeito a bárbaras torturas e à incomunicabilidade, foi libertado em 1961 em resultado de uma intensa campanha pela sua amnistia protagonizada, entre outros, pelos poetas Rafael Albertí e Pablo Neruda, e pelo pintor Pablo Picasso. Com este último dirigiu a partir de Paris o Centro de Informação e Solidariedade dedicado à solidariedade e em defesa da libertação dos presos políticos espanhóis.
De entre um obra literária particularmente notável no campo da poesia, destaca-se o livro «Digam-me como é uma árvore – Memória da prisão e da vida», editado em Portugal em 2009, escrito com o objectivo de impedir o apagamento da memória e a reescrita da história do horror fascista, como referiu ao Avante! em entrevista publicada em Junho de 2009.