Salvar o aço e os empregos
Cerca de 15 mil operários de vários países europeus manifestaram-se, dia 9, em Bruxelas, em defesa do futuro do sector siderúrgico e dos postos de trabalho.
Sector siderúrgico perdeu 80 mil empregos desde 2008
A jornada europeia, convocada pela federação sindical internacional IndustriALL Europe, sob o lema «Não há Europa sem Aço», teve como objectivo exigir medidas que travem o declínio do sector, que se tem acentuado desde a eclosão da crise económica, em 2007-2008.
Antes da explosão da «bolha financeira», a indústria siderurgia ainda empregava mais de 400 mil trabalhadores nos diferentes países europeus. Hoje restam perto de 330 mil, o nível mais baixo de sempre segundo números da IndustriALL Europe.
Para esta federação internacional, que agrupa cerca de 200 estruturas sindicais europeias e mais de sete milhões de trabalhadores, nos sectores da metalurgia, química e energia e têxteis e vestuário, a crise no sector siderúrgico é resultado das políticas de austeridade, que têm travado o crescimento e o investimento nas infra-estruturas, na investigação e modernização das instalações.
Essas mesmas políticas conduziram mais recentemente à concorrência agressiva do aço chinês no mercado europeu. A gravidade da situação é tal que urge tomar medidas decisivas para «impedir o desaparecimento do sector siderúrgico na Europa», considera a IndustriaLL Europe.
A federação sublinha a importância da siderurgia, que constitui o «pilar central das indústrias de alta tecnologia, como as indústrias automóvel, electrónica e das energias renováveis».
Nesse sentido reclama um conjunto de medidas às instituições europeias, nomeadamente de combate ao dumping comercial e um plano de acção para a revitalização da indústria siderúrgica.
A manifestação em Bruxelas teve o apoio do Comité Económico e Social Europeu, que reclama igualmente «condições equitativas de concorrência» para o sector do aço.
Na véspera, a Comissão Europeia anunciou novos instrumentos antidumping para travar as importações a baixo preço. Segundo relevou o comissário da Competitividade, Jyrki Katainen, Bruxelas aplicará um novo método de cálculo do dumping para as importações provenientes de certos países.
Sem mencionar directamente a China, o comissário falou de países onde existem «distorções importantes de mercado que podem gerar excesso de capacidade industrial e incitar os exportadores a praticar o dumping para escoar os seus produtos para o mercado da UE».
Porém, caso a UE atribua o estatuto de economia de mercado à China, o que está previsto acontecer até ao final do ano no âmbito da Organização Mundial do Comércio, as exportações chinesas deixariam de ter qualquer entrave, ameaçando vários outros sectores para além do aço e milhões de postos de trabalho na Europa.