- Nº 2241 (2016/11/10)
Inaceitável manter a suspensão dos AE

Novo protesto nos transportes

Trabalhadores
Para dia 23, foi convocada uma jornada de luta dos trabalhadores das empresas de transportes do sector público, com uma manifestação em Lisboa e um dia de luta nos locais de trabalho.

O protesto foi anunciado na quinta-feira da semana passada, dia 3, durante uma concentração de membros de 28 organizações representativas dos trabalhadores, frente ao Palácio de São Bento, para publicamente tomarem posição sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2017.

Numa carta dirigida aos grupos parlamentares e divulgada pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, as ORT consideram «inaceitável que se mantenha a suspensão dos acordos de empresa, livremente negociados», o que «significaria que em 2017 os trabalhadores deste sector continuariam com salários de 2009».

Depois de lembrarem que os trabalhadores destas empresas, desde 2010, por via dos Orçamentos do Estado e do Decreto-Lei 133/2013, «vêm negados os direitos a novas diuturnidades e/ou anuidades, assim como às evoluções profissionais contratualmente consagradas», defendem que a afirmação do primeiro-ministro sobre a necessidade de combater um modelo assente em baixos salários e em precariedade «tem de ter correspondência nas medidas do Governo».

Em concreto, o OE do próximo ano deve acabar com as restrições à aplicação dos acordos de empresa «em toda a sua plenitude, deixando depois a dinâmica contratual encontrar as soluções, em cada empresa, que tenham em conta as reivindicações e direitos dos trabalhadores e os problemas das empresas, de modo a que nas mesmas se reponha a normalidade das relações laborais e estas possam responder aos desafios que têm pela frente para prestarem um serviço público de qualidade e seguro».

Os membros de estruturas sindicais e comissões de trabalhadores exigem que seja respeitado o direito de negociar salários e que sejam cumpridas, entre outras, as matérias dos AE referentes a diuturnidades (anuidades), progressões profissionais, subsídios de férias e de Natal, trabalho extraordinário e subsídio de refeição. Para pleno cumprimento dos AE, é reafirmada a exigência de revogação do Decreto-Lei 133/2013.

Ainda relativamente ao Orçamento para 2017, reclama-se o fim das restrições à admissão de trabalhadores, «situação que todos reconhecem ser necessário resolver e, que por outro lado, está a provocar o aumento do trabalho precário», com agravado risco de despedimento, «como por exemplo acontece presentemente na EMEF».

Reconhecendo que «desde o início do ano se tem verificado a reposição de rendimentos e direitos», considera-se que o que foi incluído na proposta de OE «é insuficiente para retomar o direito efectivo da negociação e da contratação colectiva nas empresas», assinalando o «pouco ou nenhum impacto» da reposição dos AE no que toca ao subsídio de refeição e ao trabalho nocturno, tal como no que se refere ao trabalho extraordinário.

No dia 23, os trabalhadores vão concentrar-se, às 10h30, na Praça Luís de Camões, e pouco depois, frente à Assembleia da República.

A Fectrans/CGTP-IN informou que, enquanto decorriam as intervenções de membros de ORT, no dia 3, deslocaram-se ao local deputados do PCP, do BE e do PS e um representante do PEV, para receberem as conclusões.