Golpe no Brasil

«As acusações dirigidas contra mim são injustas e descabidas. Cassar em definitivo o meu mandato é como submeter-me a uma pena de morte política. Este é o segundo julgamento a que sou submetida em que a democracia tem assento, junto comigo, no banco dos réus». As palavras da presidente Dilma Rousseff, no discurso com que encerrou a sua defesa no processo de impeachment, ecoaram na sala do Senado brasileiro como um libelo de acusação aos golpistas reunidos para a destituir do cargo para que foi democraticamente eleita.

«Não luto pelo meu mandato por vaidade ou por apego ao poder... Luto pela democracia, pela verdade e pela justiça», disse Dilma, que ao longo dos nove meses que durou este processo não se cansou de repetir que a cassação do seu mandato sem que tenha cometido crime de responsabilidade abriria um «ferimento muito difícil de ser curado».

«Não é legítimo, como querem meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo por não concordarem com o conjunto da obra. Quem afasta o presidente pelo conjunto da obra é o povo, e só o povo, pelas eleições». As palavras de Dilma, válidas numa democracia, não tiveram vencimento no Senado. Se dúvidas houvesse, a maratona de perguntas a que Dilma foi submetida no Senado demonstrou que as chamadas «pedaladas fiscais», nada tiveram a ver com o caso. Do que se tratou foi de um julgamento político, de um golpe orquestrado pelas forças de direita apoiadas pelo grande capital, que na prática rasgou a Constituição do Brasil. Cabe ao povo brasileiro julgar os golpistas

 



Mais artigos de: Internacional

Acordo de paz assinado<br>em Havana

O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) assinaram a 24 de Agosto, em Havana, um acordo de paz que põe fim a meio século de conflito armado.

Apelo à solidariedade

O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) apela à solidariedade com a República Bolivariana da Venezuela e denuncia a acção golpista da direita venezuelana e dos EUA contra aquele país.

Tensão no Saara Ocidental

As forças de ocupação marroquinas no Saara Ocidental ocuparam posições na zona de Guergarat, a 11 de Agosto, numa clara violação do acordo de cessar-fogo assinado entre a Frente Polisário e Marrocos em 1991. Foram necessários 18 dias de...

A luta pela paz em Moçambique

Os inimigos de ontem podiam identificar-se facilmente mas os inimigos que a Namíbia enfrenta hoje escondem-se atrás de problemas como a pobreza, a corrupção, o tribalismo ou até a seca. A ideia foi defendida há dias pelo presidente da...