Protesto no dia 23
Na segunda-feira, 23, tem lugar uma marcha lenta de tractores, entre Válega e Estarreja, Aveiro. Para combater a crise do sector do leite, exige-se a regulação pública da produção em todos os países da União Europeia (UE).
«Portugal produz de acordo com a sua necessidade de consumo»
Esta acção de luta – promovida pela Associação Portuguesa de Produtores de Leite (APPLC), com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) – pretende dar corpo ao descontentamento existente. Até ao dia 23, a APPLC vai realizar plenários e reuniões em diversas zonas do País para debater a situação na pecuária e definir o que fazer perante as ameaças de destruição do sector.
Em nota de imprensa, divulgada no dia 10, a associação lembra que a «prolongada crise do sector leiteiro, sem fim à vista», foi originada pela UE, quando acabou com «as quotas de produção nacional nos seus países membros», o que levou «a uma acentuada baixa de preços na produção e originou o encerramento de pequenas, médias e até grandes explorações».
«Vamos continuar a viver nesta triste angústia enquanto os decisores da UE não tiverem vontade política para alterar a situação e atacar o problema de fundo», que passam pela necessidade de «regulação pública da produção em todos os países do espaço da UE», defende a APPLC.
Calamidade
Esta ruína acelerada que os produtores de leite enfrentam – que estão a receber, em média, 26 cêntimos por quilo de leite, quando o custo de produção ronda os 35 cêntimos por quilo – atingiu um «estado calamitoso» e de «desilusão», que põe em causa o «futuro da produção nacional», adverte a associação, informando que este sector foi o que «melhor se estruturou para produzir o necessário para o consumo que o País necessita, tornando assim desnecessário a importação deste bem essencial para a vida das pessoas e que muito tem contribuído para melhorar a balança comercial nacional».
A APPLC denuncia, entretanto, a «ambição cega» dos países europeus, grandes produtores, em centrarem em seu redor toda a produção da UE, com destaque para a Irlanda (país do Comissário Europeu da Agricultura) que, neste ano, já aumentou a produção em cerca de 30 por cento.
As críticas estendem-se ainda à «falta de vontade política da UE», que, na opinião da associação, «tem vindo a entreter os produtores e a oferecer-lhes uma migalhas, pequenos subsídios que não resolvem coisa nenhuma», como é o caso dos quatro milhões de euros que vão ser atribuídos em prémio por vaca, para reduzirem voluntariamente a produção. «Esta medida, mais uma vez, vem demonstrar as intenções de Bruxelas e revela-se como um erro estratégico para o nosso País», sublinha a associação, acrescentando: «Portugal não precisa de diminuir a produção porque produz de acordo com a sua necessidade de consumo» e «se querem reduzir a produção recorram aos países excedentários».