Compromissos vãos
Os estados-membros da UE acolheram pouco mais de 3800 solicitantes de asilo, ou seja, 2,4 por cento dos 160 mil que se comprometeram a receber em Setembro de 2015.
Critérios discriminam pedidos de asilo
Passado quase metade do prazo estabelecido no plano de reinstalação de refugiados chegados à Grécia e à Itália, 21 países da União Europeia receberam apenas 3865 pessoas.
Segundo os dados divulgados, dia 11, pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), a França foi o país que recebeu mais migrantes, mas o número não impressiona: 1330 ao todo, ou seja, 6,75 por cento dos 19 700 que se comprometeu a acolher até Setembro de 2017.
Portugal, Finlândia e Holanda receberam cerca de meio milhar cada, enquanto a Espanha não foi além de 197 pessoas.
A lentidão do processo é reconhecida pelo comissário das Migrações, Dimitris Avramopoulos, que revelou ter apelado na semana passada aos estados-membros para que «cumpram os compromissos e se empenhem de forma mais activa».
Mesmo a Alemanha apenas deu guarida a 62 pessoas de um total de 27 500 que aceitou acolher no quadro do acordo europeu de reinstalação.
Cai assim por terra a imagem de «generosidade», criada pela chanceler Angela Merkel quando, no Verão de 2015, decidiu abriu as fronteiras aos milhares sírios bloqueados na Hungria.
Mais de 800 mil pessoas apresentaram então pedidos de asilo na Alemanha. Seguiu-se o encerramento da rota dos Balcãs, que cortou drasticamente o fluxo em direcção às terras germânicas. Segundo a agência Frontex, as chegadas diminuíram 95 por cento em relação a 2015.
No entanto, o alívio da pressão não levou a Alemanha a revelar celeridade no cumprimento do programa de reinstalações.
O ritmo a conta-gotas da concretização do plano é em parte explicado pelos exigentes critérios de selecção impostos aos solicitantes de asilo.
A Estónia e a Lituânia, por exemplo, que receberam 36 de 329 e 77 de 671 pessoas, respectivamente, exigem que os candidatos sejam famílias com crianças, com domínio de línguas e experiência laboral.
Não é, naturalmente, o caso de muitos migrantes que continuam bloqueados em Itália e na Grécia (mais de um milhão de pessoas), vivendo em condições precárias e sem perspectivas de futuro.
Provenientes da África subsaariana, amiúde sem qualquer tipo de formação profissional ou meios de vida, não são particularmente bem-vindos à rica Europa.