Pequim contra ingerências
A tensão no Mar do Sul da China domina os debates da 49.ª reunião ministerial da ASEAN, esta semana, em Vientiane. Pequim avisa os Estados Unidos de que a Ásia Oriental necessita de parcerias, não de ingerências.
China repudia ingerências de Washington
O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, apelou à promoção das relações entre a China e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), mediante a ampliação da confiança mútua, o aprofundamento da cooperação e a manutenção da estabilidade regional. As declarações foram feitas no domingo, 24, no começo da reunião ministerial da organização, em Vientiane, capital do Laos, país que assumiu este ano a presidência da associação.
A ASEAN integra 10 estados (Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei, Myanmar, Camboja, Laos e Vietname) e participaram dos trabalhos também representantes de outros países, como a China, o Japão e os Estados Unidos.
A 12 de Julho, o Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, decidiu a favor das Filipinas uma reclamação apresentada unilateralmente por aquele país contra os direitos históricos chineses sobre o Mar do Sul da China. Pequim rejeitou de forma enfática o veredicto, que considera «nulo e inválido» e que «não aceita nem reconhece», e tem insistido para que as partes envolvidas resolvam as suas divergências «pacificamente, através de negociações», sem a interferência de terceiros.
Pequim acusa Washington de provocar tensões e de pretender a hegemonia económica na região.
Soberania e parcerias
Num comentário intitulado «A Ásia Oriental necessita de parceiros, não de intrometidos», a agência noticiosa Xinhua diz que a administração Obama não poupa esforços para semear a discórdia entre a China e os seus vizinhos: «No Mar do Sul da China, os EUA projectam a China como uma ameaça para a liberdade de navegação e acusam-na de militarizar a zona. Na Península Coreana, sob o pretexto de dissuadir a ameaça dos mísseis da República Popular Democrática da Coreia, Washington esforçou-se por conseguir autorização da Casa Azul, o gabinete presidencial da Coreia do Sul, para instalar o seu sistema anti-mísseis Thaad em território sul-coreano. Dado que o alcance de vigilância estado-unidense penetra consideravelmente em território chinês, as tensões entre Pequim e Seul começam a despontar».
Reafirmando a «determinação e a capacidade» da China em defender a sua integridade territorial, o artigo acusa o Japão de alinhar com os EUA e avisa: «Os agitadores necessitam de ser cuidadosos a respeito dos seus propósitos. A sua estratégia de avivar a fobia contra a China só instigará a desconfiança e a desordem e provocará a recessão na região, enquanto os seus próprios interesses em matéria de segurança e economia sofrerão severos retrocessos».
Às nações da Ásia Oriental, Pequim aconselha permanecer vigilantes quanto à intromissão dos EUA na região, devendo «rejeitar ser utilizadas como peões no jogo geopolítico de Washington».