Uma experiência de intervenção
A célula de empresa é a mais importante organização de base do Partido. É por seu intermédio que o Partido estabelece a sua principal ligação às massas trabalhadoras. Como no distrito de Beja não existem ainda células com intervenção regular em todas as empresas prioritárias, foi necessário encontrar outras formas de levar o Partido aos trabalhadores, de modo a conhecer de forma mais profunda os seus problemas e afirmar as propostas do PCP.
Assim, há cerca de um ano, foi criada a brigada regional de empresas, apoiada em camaradas específicos e articulada com as organizações em cada concelho. Esta brigada teve uma intervenção dirigida e um calendário preenchido nas eleições legislativas e presidenciais, dinâmica que prossegue hoje com a campanha «Mais Direitos, Mais Futuro. Não à Precariedade», no âmbito da qual foram já contactados mais de quatro mil trabalhadores do distrito.
Das muitas experiências vividas por esta brigada, destaca-se a passada no sector mineiro, que no distrito de Beja conta com duas grandes explorações: a Almina, em Aljustrel, e a Somincor, em Castro Verde, com perto de três mil trabalhadores no total e forte componente operária. A intervenção do Partido tem sido intermitente, com momentos altos e outros de menor fulgor. Numa como noutra empresa, as primeiras visitas da brigada foram recebidas com alguma desconfiança pelos trabalhadores. Os documentos eram aceites mas quase sempre e na maior parte dos casos as palavras trocadas resumiam-se a «bom dia».
Com o passar do tempo e a regularidade das visitas, normalmente mensais, a situação alterou-se para melhor. Hoje, a presença do Partido já é esperada e aceite e vários trabalhadores já se dirigem aos militantes comunistas para lhes relatar os problemas vividos nas empresas. Para além da propaganda visual à porta de cada uma das minas, foi também possível aumentar e, depois, estabilizar a venda regular do Avante! junto dos trabalhadores das duas minas.
Persistir, insistir, organizar
O Partido também tem sido presença regular junto das grandes superfícies comerciais do concelho de Beja (Continente, Intermarché, Pingo Doce), distribuindo o boletim «Frente de Loja». A prioridade conferida à intervenção junto dos trabalhadores das empresas da grande distribuição obriga os militantes comunistas a adaptarem-se aos exigentes horários praticados nesse sector e a marcarem ali presença às 5h30 da manhã, pois o objectivo central é contactar os trabalhadores e não os clientes. Esta presença regular já permitiu estabelecer alguns contactos e consumar um recrutamento.
O terceiro exemplo é a intervenção recente do Partido junto de operários agrícolas numa grande herdade de produção de uva de mesa, em Ferreira do Alentejo, na qual chegam a trabalhar 800 pessoas, na época alta. Na primeira deslocação, os militantes do Partido foram confrontados pelo próprio dono da herdade, que os tentou expulsar e ameaçou inclusivamente chamar a GNR. Perante a firmeza dos comunistas, desistiu. Depois deste episódio, o Partido voltou ao local e nunca mais foi importunado.
Dos contactos então conseguidos, foi possível chegar à conversa com algumas trabalhadoras nos seus locais de residência, a vários quilómetros de distância. Graças a isso, o Partido está hoje muito mais conhecedor do funcionamento dessa grande exploração agrícola, o que por si só abre novas e amplas possibilidades de intervenção.
A porta está agora aberta para avançar, nestas empresas como noutras. Há que levar a intervenção para dentro das empresas e avançar no recrutamento, na sindicalização, na produção de documentos específicos, na mobilização para a luta. Enfim, no reforço do Partido.