Ilegalização do PC da Ucrânia

Image 19949

Decorre hoje, em Kiev, capital da Ucrânia, mais uma sessão do julgamento que poderá levar à ilegalização do Partido Comunista da Ucrânia (PCU). O julgamento, desencadeado pelo governo ultrarreacionário que tomou o poder na Ucrânia, teve marcada uma sessão para o dia 28 de Janeiro, mas esta acabou adiada devido a um pedido de escusa de um dos juízes do colectivo. Nela estiveram presentes dois advogados portugueses da Associação Portuguesa de Juristas Democratas (APJD), Luís Corceiro e Helena Chasqueiro, numa expressão de solidariedade face à tentativa de ilegalização do PCU.

O tribunal administrativo de Kiev apreciará o pedido de proibição das atividades do PCU em segunda instância, após recurso à decisão de um tribunal parcial e manipulado que decretou a proibição das atividades do PCU e dos seus militantes. Apesar do efeito suspensivo do recurso, os comunistas ucranianos estão confrontados com ameaças e obstruções à sua intervenção, sendo diariamente impedidos de promoverem iniciativas, de concorrer como tal a actos eleitorais e de publicarem jornais com nomes que podem ser reprovados e censurados pelo poder governamental, como já aconteceu. A sede central do PCU em Kiev, entre outras, foi assaltada e o seu recheio destruído e incendiado. As manifestações e alguma actividade dos comunistas são permanentes actos de afronta ao poder ditatorial instalado e aos grupos nazis, que proliferam pela cidade e impõem um ambiente sem lei nem ordem. No passado recente houve violentos confrontos físicos e pressões envolvendo dirigentes e militantes do PCU.

A sessão de julgamento que decretou a ilegalização do PCU, em 2014, ainda que não definitiva, decorreu em ambiente de grande tensão com uma perturbadora manifestação anticomunista a poucos metros das janelas da sala de audiências, tendo-se registado o espancamento de militantes comunistas presentes por elementos neo-nazis.

Os advogados mandatados pelo PCU deverão solicitar e fundamentar hoje a extinção do processo por inconstitucionalidade, bem como defender que o tribunal não pode tomar uma decisão definitiva estando em curso a adopção de recomendações pela Comissão de Veneza do Conselho da Europa, relativas à alteração da legislação ucraniana que permite a ilegalização do PCU por delito de opinião.

O processo de ilegalização foi arbitrariamente desencadeado pelo governo ucraniano, sem intervenção da procuradoria do país, e sem apoio legal. É também um de dois processos ainda activos em tribunal administrativo, a par de outros quatro já perdidos e de vários que decorrem em sede penal contra dirigentes e militantes do PCU.

A União Europeia, com quem a Ucrânia assinou um acordo de associação, assiste impavidamente a estes manifestos atropelos às liberdades democráticas.

 



Mais artigos de: Internacional

EUA e RPDC falharam paz

Negociações exploratórias sobre um tratado de paz para a península coreana terão ocorrido secretamente, embora sem sucesso, entre responsáveis norte-americanos e da República Popular Democrática da Coreia (RPDC).

Milhares rejeitam belicismo

Cerca de 30 mil nipónicos manifestaram-se domingo, 21, contra a reinstalação da base militar dos EUA em Okinawa, e a intervenção do Japão em conflitos além fronteiras.

EUA dominam comércio de armas

«Enquanto os conflitos regionais e tensões continuam a crescer, os Estados Unidos mantêm-se como principal fornecedor de armas do mundo, por uma margem significativa», confirmou o director do Instituto Internacional de Investigação sobre a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla...

Bolívia aguarda contagem

A divulgação dos resultados definitivos do referendo sobre a possibilidade de recandidatura de Evo Morales a um novo mandato presidencial, realizado domingo, deverá ser precedida de uma contagem voto a voto. Essa é a convicção do governo boliviano, que face aos dados divulgados...

43 anos enterrado vivo

«Eu vi homens duros que se transformavam em bebés... enrolados nas suas camas, em posição fetal, e nunca mais diziam uma palavra; alguns não conseguiam parar de falar, mas diziam coisas sem sentido; outros gritavam o dia inteiro; houve muitos que se conseguiram suicidar; mas eles...