O número dos que morreram ou resultaram feridos em resultado da guerra no Afeganistão atingiu, em 2015, a maior cifra dos últimos anos, adverte a ONU.
De acordo o relatório anual sobre protecção de civis em conflitos armados, no ano passado mais de 3500 pessoas morreram e pelo menos 7500 sofreram lesões físicas diversas no território invadido e ocupado pelos Estados Unidos da América há 14 anos. O total de casos registados em 2015 é mesmo o maior desde que a Missão de Assistência das Nações Unidas (UNAMA) começou a compilar dados sobre o Afeganistão, em 2009.
As estatísticas evidenciam um crescimento do conjunto das vítimas em cerca de quatro por cento face a 2014, particularmente significativo entre as crianças (mais 14 por cento) e as mulheres (mais 37 por cento). Quase dois terços das incidências decorrem de ataques perpetrados por diferentes grupos armados, os quais a ONU acusa de pretenderem provocar vítimas «delibera e indiscriminadamente».
Às operações conduzidas pelas forças governamentais (oficiais, paramilitares ou actuando sob a insígnia de empresas privadas) e pelos militares estrangeiros presentes no território, são atribuídos 17 por cento dos casos. O bombardeamento do hospital da Médicos Sem Fronteiras, em Outubro de 2015, com um saldo de 42 mortos e 43 feridos, é o principal responsável pelo crescimento em nove por cento das vítimas civis causadas por acções do contingente internacional. Por isso, a UNAMA exige uma investigação «independente, imparcial, transparente e efectiva» sobre o sucedido, e reclama uma conclusão que sirva a posterior aplicação da Justiça.
O balanço foi divulgado quando o general norte-americano que chefia a missão da NATO no Afeganistão, John F. Campbell, confirmou que Washington ordenou o início de uma ofensiva mais ampla no país, justificando-a com a necessidade de combater a consolidação do Estado Islâmico no terreno. O facto sustenta os receios de que no ano de 2016 se assista a um nova elevação da contabilidade de mortos e feridos civis afegãos.
Os EUA mantêm 9800 militares no Afeganistão e a anunciada retirada gradual tem sido colocada em causa pelo Pentágono sob o argumento da contínua degradação da segurança.