Reviravolta catalã
Carles Puigdemont foi eleito presidente da Catalunha substituindo Artur Mas, que renunciou à recondução no cargo para evitar eleições antecipadas.
Artur Mas não teve outro remédio senão resignar
A Candidatura de Unidade Popular (CUP) viabilizou um governo liderado pelo até agora presidente da Câmara Municipal de Girona e membro do partido Convergência Democrática da Catalunha. A formação independentista de esquerda rejeitava conceder um novo mandato ao conservador Artur Mas e, na última votação ocorrida no parlamento da comunidade autonómica, a semana passada, os seus dez parlamentares dividiram-se: cinco votaram a favor e cinco votaram contra a investidura do actual titular da presidência catalã.
Com 62 parlamentares, num total de 135, contra 63 das formações contrárias à secessão (Ciudadanos, ou as referentes locais do PSOE e do PP, entre outros), a coligação de direita independentista de Artur Mas necessitava que pelo menos seis dos dez eleitos pela CUP no sufrágio de 27 de Setembro lhe fossem favoráveis. Isto considerando que os restantes quatro votassem contra. Caso parte da bancada da CUP se abstivesse, a recondução de Artur Mas obrigava apenas à votação favorável de dois deputados da CUP.
Ora o prazo para a eleição de um novo presidente e governo da Catalunha expirava este fim-de-semana e os eleitores da região de 7,5 milhões de habitantes seriam de novo chamados às urnas. Uma nova consulta popular era vista como um interregno indesejável no processo de independência da Catalunha face ao Estado espanhol. Neste contexto, dada a intransigência da CUP em sufragar a continuidade de Artur Mas, este não teve outro remédio senão resignar.
No domingo, 10, o escolhido pela direita para suceder a MAS acabou eleito com 70 votos, 62 da Juntos pelo Sim (JxSí) mais oito deputados eleitos pela CUP. Carlos Puigdemont, até agora autarca da capital de uma das quatro províncias catalãs (Girona), assumiu, no discurso perante o hemiciclo da comunidade autónoma, pretender a fundação de uma República catalã num prazo de 18 meses.
«Devemos lançar o processo para criar um Estado independente na Catalunha, para que as decisões do parlamento catalão sejam soberanas», disse Puigdemont.
Pouco antes da eleição daquele, o primeiro-ministro espanhol em funções, Mariano Rajoy, em declaração a partir do Palácio da Moncloa, em Madrid, garantiu que um tal processo merecerá das autoridades centrais a mais veemente oposição.