Renovada confiança no futuro
O Governo da coligação PSD/CDS-PP caiu. Essa foi a vontade expressa pela maioria parlamentar de deputados que votou favoravelmente, anteontem, 10, na AR, uma moção de rejeição ao programa do Governo.
O povo aspira a uma nova política que responda aos seus problemas e aos do País
O mesmo efeito teria certamente sido obtido por qualquer outra das restantes três moções apresentadas - da autoria do PCP (ver texto nesta página), do PEV e do BE -, exercício esse que entretanto se sabia antecipadamente prejudicado a partir do momento em que uma delas - a primeira a ir a votos - fosse aprovada, no caso a do PS.
Ditada pela afirmação clara de uma maioria de deputados que resultou das eleições de Outubro - foram 123 os votos oriundos das bancadas do PS, PCP, PEV, BE e PAN que garantiram a rejeição do programa governamental, contra 107 das bancadas do PSD e do CDS-PP -, efémera, muito justamente efémera, foi assim a existência deste Governo liderado por Passos e Portas, cópia gasta do anterior.
Cumprida foi desta forma a exigência de mudança manifestada de forma contundente pelos portugueses nas eleições, de onde saiu uma nova arrumação de forças na AR em condições de interromper o ciclo de destruição levado a cabo por PSD e CDS-PP.
E foi isso que aconteceu. A sua derrota - a derrota do Governo que como nenhum outro levou tão longe a política de direita, afrontando a Constituição, impondo um rumo de desastre e declínio, de retrocesso e empobrecimento que afundou o País no plano económico e social, agravou a dependência e alienou soberania, e tanto mal causou aos trabalhadores e ao povo - foi por isso certamente recebida pela grande maioria dos portugueses como retemperadora lufada de ar fresco, capaz de abrir novas perspectivas e renovar a confiança colectiva no futuro.
Um respirar de alívio tornado possível pela força da contínua e persistente resistência e luta dos trabalhadores e das massas populares, dos que sempre a seu lado estiveram na linha da frente do combate contra as injustiças e as desigualdades, por uma nova política que responda aos problemas do País e aos anseios e necessidades das classes trabalhadoras, por um Portugal de progresso, desenvolvimento e justiça social.
Esse foi de resto o compromisso reiterado no debate pelo PCP, com o seu Secretário-geral, Jerónimo de Sousa, na intervenção final (ver página seguinte), a afirmar que «estão criadas condições institucionais e políticas para outra solução governativa», susceptível de «permitir a concretização de um conjunto de medidas e soluções que dêem resposta a interesses imediatos dos trabalhadores e do povo».