É tempo de virar a página
Depois da simpatia com que a sua candidatura à Presidência da República foi acolhida em vários sectores da sociedade portuguesa, Edgar Silva recebeu, no dia 15, a primeira demonstração pública de apoio, particularmente entusiástica: a sala do hotel de Lisboa em que se realizou a apresentação da Declaração de Candidatura foi pequena para acolher as muitas centenas de pessoas que fizeram questão de ali comparecer para manifestar o seu apego aos valores da candidatura de Edgar Silva e ao projecto colectivo de progresso, justiça social e soberania que ela comporta. Nas primeiras filas sentavam-se Jerónimo de Sousa e outros dirigentes e eleitos do PCP; dirigentes do PEV e da ID; e muitas conhecidas personalidades das mais variadas áreas de intervenção.
Durante a leitura da declaração, o candidato foi inúmeras vezes saudado pelos apoiantes, que o interrompiam com a palavra de ordem «Abril vencerá»: fizeram-no quando Edgar Silva se referiu ao colectivo, à memória viva e à longa história de resistência e de projecto em que a sua candidatura se enquadra; repetiram-no quando valorizou a «imparável corrente de homens e mulheres» que agem com a consciência de que História «não pode ser parada»; voltaram a fazê-lo, uma e outra vez, sempre que era feita alguma referência (e tantas que foram) ao posicionamento da candidatura relativamente a questões tão prementes como a exploração dos trabalhadores, o aumento do desemprego e da pobreza, a submissão do País a interesses externos.
O mesmo entusiasmo fez-se ouvir por diversas vezes no período em que o candidato respondeu às questões levantadas pelos jornalistas: desde logo quando garantiu que a sua candidatura vai «até ao voto» e admitiu a possibilidade de passar a uma eventual segunda volta, pois ninguém é «dono dos votos dos portugueses». Quanto à sua qualidade de antigo padre católico, Edgar Silva garantiu que não renuncia aos valores da «solidariedade e da protecção aos mais pobres» que praticou enquanto padre, realçando que os transporta para a sua intervenção política quotidiana e, se for eleito, para a sua actividade enquanto Presidente da República. O Estado é laico, lembrou, sublinhando que os católicos «não têm um partido, não há uma fronteira sobre até onde podem ir» ao nível das opções políticas. Aliás, recordou, o seu está longe de ser um caso isolado.
Finalizada a sessão, as centenas de apoiantes presentes – muitos dos quais não conseguiram entrar na sala – esperaram o candidato na rua, junto ao hotel, para o saudar.