Promovida pela União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), realizou-se, dia 12, a romagem anual ao Mausoléu dos Tarrafalistas, no Cemitério do Alto de São João, com o propósito de homenagear aqueles que, «operários, marinheiros, intelectuais, ousaram levantar-se contra a ditadura fascista, pela liberdade», disse a coordenadora da URAP, Marília Villaverde Cabral.
Falando junto mausoléu, onde foi depositada uma coroa de flores, a coordenadora referiu-se a José Casanova, falecido em Novembro último e que nunca deixou de ali ir, «com a URAP, homenagear os que, na longa noite do fascismo, foram portadores da chama da liberdade e pela liberdade morreram no Campo de Concentração do Tarrafal». O antigo director do «Avante!» foi ainda evocado através da leitura de uma carta ficcionada do seu livro «O Tempo das Giestas», por Fernando Tavares Marques.
Referindo que os antifascistas ali enterrados fazem parte da «primeira leva de presos que foram para o Campo de Concentração do Tarrafal, copiado por Salazar do modelo nazi», a dirigente da URAP sublinhou que por ele «passaram até 1954 – data do seu encerramento, devido à denúncia nacional e internacional – 340 presos políticos, 32 dos quais ali sepultados».
Na cerimónia, presidida por José Manuel Vargas e que contou com a participação de cerca de 80 pessoas, um grupo de elementos do Coro Lopes Graça cantou «Firmeza», «Jornada» e «Acordai!». Antes da conclusão, com os presentes a cantarem a «Grândola, Vila Morena» e o Hino Nacional, ainda houve oportunidade para Maria Villaverde Cabral louvar a firmeza e a convicção dos sobreviventes do Tarrafal, com as quais conseguiram construir «um futuro que abateu os fascistas».