ao voto dos emigrantes
Punir quem tanto mal fez
De visita à festa das Vindimas esta segunda-feira, 7, Jerónimo de Sousa fez um apelo ao voto dos portugueses que emigraram nos últimos quatro anos, defendendo que essa é a forma de penalizarem quem os forçou a sair do País.
A motivar esta referência directa do Secretário-geral do PCP está a preocupação pela influência que factores diversos (como os de ordem afectiva) possam ter para um acréscimo significativo da abstenção entre os que saíram do País durante esta Legislatura.
«Emigrou cerca de meio milhão de portugueses, que, naturalmente, à procura de resolver os problemas da sua vida, acabam por não votar; abstêm-se. Perderam vínculo, perderam afectividade, perderam referências do seu País, que os maltratou e que os obrigou a emigrar. Este elemento é preocupante porque vai haver mais abstenção, designadamente daqueles que emigraram», afirmou o líder comunista.
«O que podemos dizer a esses emigrantes é que votem, que participem e condenem aqueles que os obrigaram a uma emigração forçada», acrescentou Jerónimo de Sousa.
Por si reiterada, em resposta aos jornalistas, foi também a posição de que um eventual entendimento com o PS, depois das eleições legislativas de 4 de Outubro, depende necessariamente de uma mudança de políticas por parte daquele partido.
É que, explicou, «o PS não responde a uma pergunta fundamental: governar para quê e governar para quem?» Trata-se de saber «que política é que deve ser realizada, que rupturas é que devem ser feitas, que respostas aos problemas da renegociação da dívida», esclareceu, sustentando que o PS apenas mostra querer continuar a ser protagonista das políticas dos últimos anos.
«O PS não está disposto a assumir nenhuma ruptura, mas a dar continuidade a esse caminho que comprometeu o País, que o leva a estar hoje mais dependente do estrangeiro, mais endividado e mais injusto», considerou Jerónimo de Sousa, para quem a pergunta deve por isso ser devolvida ao PS: «quer continuar a fazer o mesmo, ou está disponível para uma ruptura com esta política e afirmar em Portugal uma política patriótica e de esquerda?»