- Nº 2180 (2015/09/7)
Espaço Internacional

Os povos têm a palavra

Festa do Avante!

Os povos são os protagonistas de uma história feita de rupturas e cujo motor é a luta de classes antagónicas. O bê-á-bá ocorreu-me ao percorrer o Espaço Internacional, cuja consigna apelava à solidariedade anti-imperialista por direitos, soberania e paz, à luta transformadora pela liberdade, a democracia e o socialismo.

Ali foi dado ênfase à evocação de acontecimentos marcantes do processo que, não isento de sobressaltos e retrocessos de grande adversidade para o proletariado, os trabalhadores e outras camadas antimonopolistas, tende invariavelmente para a superação do capitalismo. Momentos da luta dos povos como a Vitória sobre o nazi-fascismo, que este ano cumpre 70 anos merecendo justamente a exposição principal do Espaço Internacional, um debate no Palco Solidariedade (ver página 25) e um mural na fachada principal da estrutura com elementos da Guernica de Picasso. Acontecimentos como o triunfo do Vietname sobre o imperialismo norte-americano, o qual, além de um mural no Espaço Internacional, foi evocado num acto comemorativo (ver caixa nesta página); ou como os 40 anos da libertação nacional de Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe, que para lá de recordada a cores garridas numa parede da «cidade», foi mote dum momento cultural no Palco Solidariedade (página 25).

Das 49 delegações de partidos comunistas e operários e forças progressistas de 36 países estrangeiros que estiveram na Festa do Avante! e se encontraram com o Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, na manhã de domingo, 6, (ver foto em cima), muitas tinham pavilhão próprio no Espaço Internacional, dando a conhecer a sua experiência, objectivos, prioridades e lutas. Alguns partidos e organizações, portuguesas incluídas, quando não desafiados pelos visitantes para o debate e o esclarecimento, tomavam a iniciativa de os abordar, convencer e mobilizar, caso de activistas do Conselho Português Para a Paz e a Cooperação que distribuíam em mão o Notícias da Paz. Uma e outra coisa a confirmarem que o ideal revolucionário e as suas teses centrais não foram remetidos para o passado atrás do absurdo «fim da história» porque os comunistas e os seus aliados, tendo memória e retendo os ensinamento valiosos, têm ainda mais projecto e vontade de o concretizar.

Momentos altos

Aos visitantes, o Espaço Internacional oferecia uma panóplia de opções gastronómicas tornando mais gostoso e saciante o convívio, bem como uma mostra de artesanato diverso e autêntico. Esse facto é só por si digno de destaque, mas não é o mais significativo.

Importa assim salientar que entre os vários momentos altos vividos no Espaço Internacional, e em particular suscitados pelos concertos no Palco Solidariedade (Mr. Blues, na sexta-feira, Tribute to Pete Seeger, no sábado, e «Músicas do Mundo e da resistência – 70.º aniversário da Vitória sobre o nazi-fascismo», no domingo, são bons exemplos), o Momento de Solidariedade para com Cuba socialista foi o mais impressivo de todos (ver página 26).

Gerardo Hérnandez, um dos Cinco patriotas cubanos, já havia estado no Espaço Internacional, na tarde de sábado, 5. Visitou a Associação de Amizade Portugal-Cuba e a pequena exposição que frisava que o bloqueio dos EUA persiste. Recebeu o carinho e a solidariedade dos portugueses e reforçou a certeza de que para nós solidariedade não é uma palavra vã, como o não são a resistência e a persistência na luta emancipadora, pela qual «as estirpes de condenados a cem anos de solidão tenham por fim e para sempre uma segunda oportunidade sobre a terra», como afirmou Gabriel Garcia Márquez e se ostentava no stand do PC Colombiano. E lá voltamos ao bê-á-bá...

 

Hugo Janeiro