- Nº 2180 (2015/09/7)

É preciso fazer ouvir a nossa voz

Festa do Avante!

Sem ingenuidades, pode dizer-se que a grande novidade seria, se por acaso tal ocorresse – hipótese tão remota que quase se poderia dizer do domínio da ficção – a grande novidade, repete-se, seria se a Festa do Avante! fosse tratada na generalidade dos órgãos da comunicação social com o destaque devido a uma iniciativa político-cultural da sua dimensão. Não foi. O que sucedeu foi um silenciamento e ocultamento ainda maior do que o registado em anos anteriores, resumindo um acontecimento que mobiliza durante três dias milhares e milhares de pessoas a breves apontamentos sobre as intervenções do Secretário-geral do Partido e a uma ou outra imagem em que a imensa massa humana que esteve na Atalaia prima pela ausência.

Mas a informação não foi apenas sonegada. Houve desinformação, sim, e deturpação descarada, como a produzida pela SIC Notícias (?), que chegou ao ridículo de afirmar que «centenas de pessoas assistiram aos concertos no Palco 25 de Abril». Em contraponto, foi notícia o facto, que nem sequer é novo, de Marcelo Rebelo de Sousa ter estado na Festa. Comentários para quê?

Também o comício de encerramento da Festa – a começar pela maré cheia de gente que transbordou do recinto do Palco 25 de Abril para todas, repete-se, todas as alamedas adjacentes, e a importante intervenção de Jerónimo de Sousa e restantes oradores, que se transcreve nas páginas seguintes – foi escondido do povo português. Deliberadamente. Para que a mensagem dos comunistas não passe. Para que a verdade sobre as causas e os responsáveis do estado em que o País se encontra não chegue aos eleitores. Para que não se saiba – ou se saiba o menos possível – que existe alternativa à política de direita, traduzida nas lutas de hoje pela ruptura com a política de direita e por uma alternativa patriótica e de esquerda, e que há forças bastantes para a levar a cabo.

Como disse Jerónimo de Sousa, o PCP afirma hoje, como sempre afirmou, que «na Europa existem forças suficientes para trilhar outros caminhos. Caminhos que rejeitam o esmagamento das soberanias nacionais, a exploração dos trabalhadores e a delapidação dos recursos e riquezas dos países. Outros caminhos que são necessários e possíveis. Que se trilham com coragem, com princípios, verdade e determinação, levando a cabo as rupturas necessárias!»

Perigosa mensagem, esta, em vésperas de eleições, em que a todo o custo é preciso fazer esquecer que foram «PSD, PS e CDS que entregaram o País às mãos do estrangeiro e ao seu programa de saque e terrorismo social»; que foi com a sua activa conivência que «impuseram a política de exploração e empobrecimento dos trabalhadores, do nosso povo e o saque do património do País a que temos vindo a assistir e que pretendem continuar»; que Portugal é hoje «um País mais empobrecido, mais frágil, mais dependente» devido à sua «política de desastre nacional, de recuperação capitalista e restauração monopolista».

Acima de tudo é preciso impedir que se saiba que a «agudização da luta de classes e a natureza cada vez mais exploradora, opressiva, agressiva e predadora do capitalismo evidencia, cada vez mais, a actualidade e importância do projecto comunista, de uma sociedade nova, o socialismo e o comunismo».

Cabe-nos a todos levar a cada canto esta mensagem. Para que se faça sentir nas urnas, a 4 de Outubro, em votos na CDU e em todas as batalhas que temos pela frente.

 

Anabela Fino