Brasileiros rejeitam golpismo

Mais direitos, mais democracia

Cen­tenas de mi­lhares de pes­soas ma­ni­fes­taram-se, dia 20, em vá­rias ci­dades do Brasil, pela de­mo­cracia, contra o golpe, pela re­toma do cres­ci­mento e a pre­ser­vação os di­reitos dos tra­ba­lha­dores.

Po­la­ri­zação po­lí­tica é re­sul­tado do in­con­for­mismo da di­reita

Portal Ver­melho

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A ini­ci­a­tiva, con­vo­cada pelas cen­trais sin­di­cais e mais de 50 or­ga­ni­za­ções so­ciais e ju­venis, teve o seu epi­centro em São Paulo, onde os ma­ni­fes­tantes pres­taram ho­me­nagem às 18 pes­soas mortas na cha­cina ocor­rida a 13 de Agosto em Osasco e Ba­rueri, na re­gião Me­tro­po­li­tana de São Paulo. Se­gundo o Portal Ver­melho, ao nome de cada uma das ví­timas a mul­tidão gri­tava «pre­sente!».

«Nós não temos moral se­lec­tiva», disse a pro­pó­sito Gui­lherme Boulos, do Mo­vi­mento dos Tra­ba­lha­dores Sem Teto (MTST), re­fe­rindo-se à ma­ni­fes­tação de do­mingo con­vo­cada pela opo­sição gol­pista. «Não ou­vimos o som das pa­nelas pelos 18 mortos da cha­cina de Osasco», en­fa­tizou, su­bli­nhando que «essa gente não gosta do povo, a não ser que es­teja no ele­vador de ser­viço».

Também a pre­si­dente da União Na­ci­onal do Es­tu­dantes, Ca­rina Vi­tral, apontou as di­fe­renças entre as duas ini­ci­a­tivas: «Aqui está a di­ver­si­dade do povo, com es­tu­dantes e tra­ba­lha­dores. Nós de­fen­demos a de­mo­cracia. A ju­ven­tude está do lado do avanço e não do lado de quem pede a in­ter­venção mi­litar e o re­tro­cesso».

Já o pre­si­dente da Cen­tral dos Tra­ba­lha­dores e Tra­ba­lha­doras do Brasil (CTB), Adílson Araújo, fez questão de re­alçar que para além da de­fesa da de­mo­cracia, o pro­testo também rei­vin­di­cava uma agenda po­lí­tica com ga­ran­tias dos di­reitos e pelo de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico.

«Es­tamos aqui para dizer que a nossa agenda, a agenda do povo, quer a ta­xação das grandes for­tunas. O nosso pro­jecto quer mais in­ves­ti­mentos na Edu­cação e para isso temos que de­fender a Pe­tro­bras que eles querem en­tregar [aos pri­vados]», de­clarou.

O pre­si­dente mu­ni­cipal do Par­tido Co­mu­nista do Brasil em São Paulo, Jamil Mourad, afirmou por seu turno que a po­la­ri­zação po­lí­tica é o re­sul­tado do in­con­for­mismo da di­reita, que não aceita a quarta vi­tória con­se­cu­tiva das forças pro­gres­sistas. «O povo tra­ba­lhador e os es­tu­dantes estão nas ruas em de­fesa da li­ber­dade, da de­mo­cracia e do re­sul­tado le­gí­timo das elei­ções, que a di­reita não quer aceitar. Eles não res­peitam a de­mo­cracia, pois para eles a de­mo­cracia é só quando eles ga­nham. (…) Nós es­tamos aqui para dizer que não vai haver vi­rada de mesa», disse.

«A hora agora é de unir o Brasil pela de­mo­cracia, pela re­to­mada do cres­ci­mento e para pre­servar os di­reitos dos tra­ba­lha­dores», afirmou por sua vez o de­pu­tado fe­deral e pre­si­dente es­ta­dual do PCdoB de São Paulo, Or­lando Silva. Se­gundo o par­la­mentar co­mu­nista, na ma­ni­fes­tação de dia 20 «os mo­vi­mentos so­ciais re­a­fir­maram o seu com­pro­misso com a de­mo­cracia» rei­vin­di­cando ao mesmo tempo uma agenda po­lí­tica que ga­ranta mais di­reitos. «Ca­berá ao go­verno di­a­logar com essa agenda, re­co­nhecer a im­por­tância dos vá­rios temas pau­tados e unir o Brasil», su­bli­nhou.

 

Perfil re­ve­lador

Um es­tudo re­a­li­zado por in­ves­ti­ga­dores da Uni­ver­si­dade Fe­deral de Minas Ge­rais per­mitiu traçar o perfil médio dos ma­ni­fes­tantes que a 16 de Agosto foram às ruas pedir o im­pe­a­ch­ment de Dilma Rous­seff em Belo Ho­ri­zonte: branco, de classe média ou média alta, com for­mação su­pe­rior e apoi­ante das forças de di­reita.

Eis al­guns dos dados apu­rados: 58,8 por cento diz-se de cor branca; 56,6 por cento possui um ren­di­mento mensal su­pe­rior a cinco sa­lá­rios mí­nimos; 64,5 por cento tem um curso su­pe­rior in­com­pleto, com­pleto ou uma pós-gra­du­ação; 78,6 por cento votou em Aécio Neves na se­gunda volta das pre­si­den­ciais, em Ou­tubro de 2014; 53 por cento é a favor do porte de armas; 74,5 por cento con­corda com a re­dução da mai­o­ri­dade penal; 53,5 por dento é contra o aborto; 74,5 por cento dis­corda dos pro­gramas so­ciais como o Bolsa Fa­mília e 61,3 por cento é contra o re­curso a mé­dicos cu­banos no pro­grama Mais Mé­dicos; 64,7 é contra as cotas ra­ciais.




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