FESTA, LUTA E ALTERNATIVA

«Cons­truir a al­ter­na­tiva com so­lu­ções para os pro­blemas do País, dos tra­ba­lha­dores e do povo»

PSD/​CDS apre­sen­taram na se­mana pas­sada o seu pro­grama elei­toral. Pro­cu­raram es­conder os seus reais ob­jec­tivos na re­cor­rente mis­ti­fi­cação do País a sair da crise e, onde, por­tanto, va­leram a pena os sa­cri­fí­cios. Um pro­grama que, à luz do que foi a prá­tica do Go­verno ao longo destes quatro anos, é de facto bom para o grande ca­pital. Aos tra­ba­lha­dores, ao povo e ao País só pode trazer mais des­truição do pa­relho pro­du­tivo e de­sem­prego, mais emi­gração for­çada, mais ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento, novos cortes nos sa­lá­rios e pen­sões, menos pro­tecção so­cial e mais as­sis­ten­ci­a­lismo, mais do­mínio dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, maior sub­missão ex­terna, novos cortes e li­mi­ta­ções nos di­reitos po­lí­ticos, eco­nó­micos, so­ciais, la­bo­rais e cul­tu­rais.

O PS, amar­rado aos mesmos eixos es­tru­tu­rantes da po­lí­tica de di­reita, faz um es­forço para mos­trar di­fe­renças onde não as há e, na falta de al­ter­na­tiva, apro­veita o apelo do Pre­si­dente da Re­pú­blica à es­ta­bi­li­dade go­ver­na­tiva para pedir aos por­tu­gueses uma mai­oria ab­so­luta. Deste modo, jo­gando com o medo do «es­pan­talho» da vi­tória elei­toral do PSD/​CDS, que der­ro­tado pela luta no plano so­cial está con­de­nado a uma pe­sada der­rota elei­toral, pro­cura des­viar a atenção dos por­tu­gueses de um as­pecto que é de facto a questão cen­tral: em mai­oria ou mi­noria, o PS, nos úl­timos 39 anos, sempre usou os votos dos por­tu­gueses para pros­se­guir a po­lí­tica de di­reita, em rota de cres­cente afas­ta­mento ou co­lisão com o pro­jecto e os va­lores de Abril (nesta le­gis­la­tura, por exemplo, con­forme dados re­ve­lados pela co­mu­ni­cação so­cial esta se­mana, num total de 310 pro­postas do Go­verno che­gadas à AR, votou a favor em 139, abs­teve-se em 79 e só em 92 votou contra).

A CDU pros­segue as suas muitas ini­ci­a­tivas, so­bre­tudo de rua, e con­tinua a de­sen­volver con­tactos no es­cla­re­ci­mento e mo­bi­li­zação, mos­trando que esta é a força po­lí­tica em quem se pode con­fiar. Porque, como re­fere o pro­grama elei­toral do PCP, é «a grande força da so­be­rania e da in­de­pen­dência na­ci­o­nais, da uni­dade e con­ver­gência de­mo­crá­ticas, da ver­dade e da se­ri­e­dade po­lí­ticas, que as­sume e apre­senta um per­curso de re­co­nhe­cido res­peito pela pa­lavra dada; a grande força do com­bate à po­lí­tica de di­reita, que apre­senta uma re­co­nhe­cida in­ter­venção na luta em de­fesa dos tra­ba­lha­dores e do povo, a grande força da po­lí­tica al­ter­na­tiva iden­ti­fi­cada com as as­pi­ra­ções dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês».

Estas elei­ções não são para a es­colha do pri­meiro-mi­nistro como pre­tendem fazer crer os que apostam na bi­po­la­ri­zação. Todos os votos na CDU contam para eleger de­pu­tados com­pro­me­tidos com uma al­ter­na­tiva que sirva os in­te­resses do País, dos tra­ba­lha­dores e do povo, ao lado de quem sempre es­teve na luta contra a ofen­siva do Go­verno.

E foi em de­fesa do di­reito à ver­dade em todo o pro­cesso elei­toral que o PCP tomou po­sição sobre as pro­postas de de­bates de al­guns ór­gãos da co­mu­ni­cação so­cial, su­bli­nhando «a ne­ces­si­dade de serem as­se­gu­rados prin­cí­pios de igual­dade, plu­ra­lismo e ob­jec­ti­vi­dade» na sua or­ga­ni­zação «quer quanto à sua pro­jecção quer quanto às forças po­lí­ticas en­vol­vidas».

Faz agora um ano sobre a apli­cação da me­dida de Re­so­lução ao Banco Es­pí­rito Santo e a cri­ação do Novo Banco. A pro­pó­sito, o PCP di­vulgou uma to­mada de po­sição onde as­si­nala «os con­tornos e os ele­vados custos da ope­ração para o Es­tado - até agora 4200 mi­lhões de euros - e para os por­tu­gueses» lem­brando e va­lo­ri­zando a cri­ação, por sua ini­ci­a­tiva na AR, da Co­missão de Inqué­rito que per­mitiu apurar res­pon­sa­bi­li­dades po­lí­ticas de su­ces­sivos go­vernos na si­tu­ação criada. Lem­brou ainda que foi também o PCP que apre­sentou um Pro­jecto de Re­so­lução (re­cu­sado pelo PSD e CDS com a abs­tenção do PS) que, se ti­vesse sido apro­vado teria pos­si­bi­li­tado «a cri­ação de uma uni­dade téc­nica para o apu­ra­mento dos be­ne­fi­ciá­rios da de­la­pi­dação do BES e res­pon­sa­bi­li­zação pelo pa­ga­mento dos pre­juízos cau­sados». E alerta ao mesmo tempo para a es­ca­lada do Go­verno na su­bor­di­nação do poder po­lí­tico ao poder eco­nó­mico ma­ni­fes­tando in­ten­ções de pri­va­ti­zação da Caixa Geral de De­pó­sitos, «ca­minho fa­ci­li­tado pela pri­va­ti­zação da Caixa Se­guros e Caixa Saúde da res­pon­sa­bi­li­dade de um go­verno do PS». O PCP re­a­firma a «im­por­tância para o de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e so­cial do País que a moeda, o cré­dito e ou­tras ac­ti­vi­dades fi­nan­ceiras es­sen­ciais sejam postos sob con­trolo e do­mínio pú­blicos».

A luta dos tra­ba­lha­dores e do povo pros­segue à volta de muitos pro­blemas e rei­vin­di­ca­ções con­cretos como se pôde ve­ri­ficar na re­cente luta na Co­vibus com uma im­por­tante vi­tória dos tra­ba­lha­dores (au­mento sa­la­rial de 2,7% re­tro­ac­tivo a Ja­neiro, au­mento de 10 euros/​mês a partir de 2016, pas­sagem de tra­ba­lha­dores a efec­tivos e re­gu­la­ri­zação da si­tu­ação de fé­rias) e se tra­duziu num sig­ni­fi­ca­tivo nú­mero de sin­di­ca­li­za­ções no STRUP (Sin­di­cato fi­liado na CGTP-IN) e em di­versas ou­tras lutas (So­ares da Costa, Ch­ro­no­post, SPdH, entre ou­tras).

Importa agora dar um grande im­pulso à pre­pa­ração da Festa do Avante!, em es­pe­cial na di­vul­gação e venda da EP. A Festa deste ano, porque se in­sere em pleno pe­ríodo elei­toral, deve ser as­su­mida, a par dos seus muitos do­mí­nios, que con­ti­nu­arão a fazer dela a maior ini­ci­a­tiva po­lí­tico-cul­tural e de massas do País, um mo­mento es­pe­cial da cam­panha elei­toral. Re­quer, por isso, um re­do­brado es­forço na pre­pa­ração, or­ga­ni­zação e fun­ci­o­na­mento. Para que, de­pois da grande marcha na­ci­onal de 6 de Junho, venha a ser uma nova ex­pressão da força do povo e acres­cido factor de con­fi­ança no re­forço da CDU e na luta pela al­ter­na­tiva.