Experiência que conta
A Organização Regional de Setúbal do PCP realizou, sábado, um encontro regional de reformados e pensionistas, que contou com a presença de Jerónimo de Sousa e Francisco Lopes.
O Partido quer reformados mais activos na acção política quotidiana
Reforçar o Partido no seio dos reformados, pensionistas e idosos era um dos objectivos centrais do encontro, realizado nas instalações da Sociedade Filarmónica Operária Amorense, no concelho do Seixal. O debate travado e as conclusões assumidas darão seguramente um valioso contributo para que ele seja efectivamente concretizado.
Decorrente das conclusões do 5.º Encontro Nacional sobre o Trabalho do PCP junto dos reformados, dos XIX Congresso e da última Assembleia da Organização Regional de Setúbal do Partido, que teve lugar em Almada já este ano, o encontro regional avaliou a evolução da acção partidária na região junto desta camada: em todas as organizações concelhias e em 27 comissões de freguesia está definido um responsável por esta frente de trabalho; em quatro concelhos e pelo menos três freguesias funcionam coordenadoras. Quanto à Coordenadora Regional para os Reformados, tem um funcionamento regular mensal.
Da avaliação feita no encontro relativamente ao estado da organização partidária voltada para este sector, foram sublinhados os atrasos que ainda persistem e, ao mesmo tempo, a maior atenção dada pelas organizações a esta frente de intervenção, patente no facto de a maior parte das comissões existentes terem sido constituídas nos últimos meses e anos e, algumas delas, durante a própria preparação do encontro.
No que respeita às orientações para o futuro, o encontro destacou a necessidade de manter a Coordenadora Regional com a composição e funcionamento actuais e de prosseguir e ampliar os esforços com vista à criação de coordenadoras concelhias, de freguesia ou por local de residência onde estas ainda não existam. O levantamento das estruturas unitárias de reformados existentes em cada local, a criação de células aos mais diversos níveis que enquadrem e acompanhem os militantes que intervenham nas organizações unitárias de reformados e que reúnam os comunistas que participem nas suas direcções, foram outras decisões assumidas.
Na sua maioria, os militantes do Partido que actualmente se encontram na condição de reformados têm uma grande experiência de organização e luta, adquirida no processo da revolução de Abril – dos quais foram destacados construtores – e nos combates em defesa das suas conquistas, que na Península de Setúbal assumiram uma particular agudeza. O seu contributo para o reforço mais geral do Partido pode ser significativo.
Importante batalha política
Preparar as eleições legislativas e a intervenção junto dos reformados, pensionistas e idosos foi outro dos objectivos do encontro do passado sábado. Partindo da constatação de que a política do actual Governo degradou brutalmente o nível de vida de muitos reformados e pensionistas, o encontro contribuiu para afinar argumentos e linhas de intervenção eleitoral especialmente dirigidas a esta camada social.
Entre os temas políticos em destaque estará, desde logo, a defesa da Segurança Social pública, universal e solidária, que sucessivos governos têm vindo a colocar em causa. O necessário reforço do Serviço Nacional de Saúde e o aumento das reformas e pensões são outros dos temas mobilizadores.
Para além do esclarecimento individual de cada um dos reformados e pensionistas, o Partido sublinha a necessidade de privilegiar a acção de massas, colectiva e reivindicativa. Assim, a intervenção junto das associações de reformados e a participação empenhada dos organismos de reformados do Partido são fundamentais.
O primeiro candidato da CDU pelo círculo eleitoral de Setúbal, Francisco Lopes, interveio no encontro, onde lembrou que «nestes anos difíceis, mais uma vez os reformados, pensionistas e idosos contaram com o trabalho dos deputados eleitos pela CDU, dos deputados do PCP e do PEV». O deputado e dirigente do PCP reafirmou a necessidade de ruptura «com o estado de coisas a que a política de direita conduziu o País e o distrito», lembrando que a CDU tem «soluções para uma vida melhor».
Jerónimo de Sousa
«Cortar o mal pela raiz»
Intervindo no encerramento do encontro regional, Jerónimo de Sousa sublinhou a importância de que se revestem as próximas eleições legislativas, marcadas para o dia 4 de Outubro, para inverter a dramática situação em que vivem hoje muitos reformados, pensionistas e idosos: Portugal é não apenas o País da União Europeia com pensões mais baixas, como desde 2011 que se encontra congelado o aumento do seu valor. Ao mesmo tempo, registou-se uma redução na atribuição do complemento solidário para idosos.
Apelando à realização de uma campanha que assente «no contacto directo com outros reformados, pensionistas e idosos, na disponibilidade de ir à conversa, de ouvir as suas queixas, de perceber o seu estado de espírito», o Secretário-geral do PCP realçou a necessidade de lhes incutir confiança na importância do seu voto para alterar a situação: «é preciso dar confiança à necessidade de expressar pelo voto o seu protesto, o seu descontentamento, canalizando esse voto para dar força à urgência de uma mudança nas suas vidas, nas vidas dos seus filhos e netos. O voto na CDU é o voto seguro e certo de eleição de deputados que foram e serão os fiéis defensores dos direitos dos reformados, dos trabalhadores e das populações.»
Dando razão aos «que nos dizem que estão fartos de ser enganados», o dirigente comunista realçou estar na hora de deixarem de o ser «porque PS, PSD e CDS é que são os responsáveis pela política de enganos». Assim, acrescentou, «está nas mãos dos reformados, pensionistas e idosos pôr fim a votos assentes em trocar o “mal maior” pelo “mal menor”». Chegou, pois, a «hora de cortar o mal pela raiz», porque os custos da alternância sem alternativa «têm representado uma pesada factura para este grupo social».
Mais adiante, Jerónimo de Sousa reafirmou os compromissos da CDU para com os reformados: repor os rendimentos roubados através da «revalorização do conjunto das reformas» e da elevação da pensão social de velhice e invalidez atribuída no âmbito do regime não contributivo da Segurança Social; instituir uma adequada protecção nas situações de pobreza e dependência; e valorizar o património de saberes dos reformados, concretizando a sua justa aspiração e direito a uma ocupação saudável dos tempos livres.