Transportes para o povo
Mais de um milhar de pessoas participou, quinta-feira, em Lisboa, numa marcha contra a privatização dos transportes. No final teve ainda lugar uma acção de solidariedade com o povo grego.
Reverter para o controlo público as empresas de transportes
A acção, contra as privatizações da TAP, da EMEF, da CP Carga, do Metro de Lisboa, da Carris, da Transtejo, da Soflusa e da CP Cascais, partiu do Largo do Chiado em direcção à Estação da CP no Rossio. «Contra as privatizações dos transportes – Nem mais uma PPP», lia-se numa faixa que encabeçava a marcha, para reclamar um serviço público de transporte ao serviço do povo e do País. Nas palavras de ordem e em pancartas, misturadas com as cores das bandeiras da CDU, os manifestantes apresentaram «soluções para uma vida melhor» e afirmaram a necessidade de, com a força do povo, «romper com a política de direita», «acabar com a alternância de PS/PSD/CDS» e «libertar o País das amarras da UE».
No final, Armindo Miranda, da Comissão Política do Comité Central do PCP, afirmou que a «fúria privatizadora no sector dos transportes», levada a cabo pelo Governo, é de «uma grande generosidade para o capital e para os grupos económicos».
Em oposição, sublinhou o dirigente comunista, a CDU considera «o sector público dos transportes uma questão estratégica para todo o País», devendo este estar «assente em empresas públicas, nas suas vertentes estratégicas, como única forma de garantir efectiva prioridade ao serviço público, com transportes coordenados e frequentes, de qualidade e a preços sociais».
Defendeu por isso a continuidade do Metro e da Carris sob controlo público, um transporte aéreo tendo a TAP como empresa de bandeira pública, o controlo do espaço aéreo nacional pela NAV e a reversão da ANA para o sector público, bem como a recuperação da natureza pública da rede rodoviária nacional.
«Só o Estado pode executar estas políticas de forma planeada», sublinhou Armindo Mirando, informando que «o PCP, dentro e fora das instituições, nomeadamente na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, tudo fará para que as privatizações feitas no sector dos transportes sejam anuladas e que essas empresas regressem ao controlo público».
«Aquilo que, nalguns casos, demorou anos a privatizar, porque teve a oposição e a luta do povo e do nosso Partido, não precisará de anos, nem de meses, nem de semanas para voltar ao controlo público. Provavelmente, em 24 horas passará a estar ao serviço dos trabalhadores e do povo», acrescentou.
Reforçar a CDU
Armindo Miranda disse ainda que o País não está condenado «a ter o seu presente e o futuro hipotecados por uma política que, pela sua natureza e orientação, ao serviço do grande capital, é incapaz de resolver os problemas nacionais e garantir as condições de vida dignas ao povo português», nem condenado a ficar «em regime de liberdade condicional por longos anos, sujeito ao arbítrio do estrangeiro, sem os instrumentos de gestão política, económica, monetária e orçamental».
Neste sentido, dirigindo-se a todos os portugueses que aspiram a uma verdadeira alternativa política, apelou: «Quanto mais força, deputados e votos tiver o PCP e a CDU, mais se reforça a convergência de todos aqueles que querem romper com esta política de direita e mais perto estará a construção do governo patriótico e de esquerda pelo qual nos batemos».
Solidariedade com o povo grego
Em Lisboa, na marcha promovida pela Coligação PCP-PEV, teve ainda lugar um acto de solidariedade com os trabalhadores e o povo grego, assim como com todos os que resistem e lutam contra as imposições e a chantagem da União Europeia (UE) e de outras instituições imperialistas, defendendo os seus direitos, interesses e soberania nacional.
João Ferreira, deputado do PCP no Parlamento Europeu e vereador na Câmara de Lisboa, acusou a UE de estar «na primeira linha da ingerência, da chantagem, das pressões, das ameaças, espezinhando a vontade do povo e a democracia que dizem defender». «Nas reuniões do Eurogrupo, da UE e das suas instituições, do FMI, nunca se procurou encontrar soluções para os problemas da Grécia, mas, sim, novas formas de extorquir aquele país e o seu povo», acusou, reportando-se ao caso português: «Até 2020, Portugal vai pagar, em juros da dívida, três vezes mais do que irá receber em fundos estruturais vindos da UE».
Face à actual situação, impõe-se, também em Portugal, «uma política patriótica e de esquerda que ponha fim à exploração, à submissão e aos constrangimentos que hoje pesam sobre o País, fazendo prevalecer o progresso e o bem-estar do nosso povo sob quaisquer imposições e ingerências externas, venham elas de onde vierem».